A intensificação do desmatamento da Amazônia coloca em risco a sobrevivência de mais de 10 mil espécies de plantas e animais, segundo uma análise preliminar feita por pesquisadores internacionais divulgada na última 4ª feira (14/7). Produzido pelo Painel Científico para a Amazônia (SPA), o draft do relatório faz a avaliação mais detalhada sobre o estado da biodiversidade na Amazônia até agora e reforça a vulnerabilidade crescente da floresta em face ao avanço da destruição ambiental e da mudança do clima.
De acordo com a pesquisa, mais de 8 mil espécies de plantas endêmicas (nativas do bioma) e 2,3 mil de animais enfrentam um alto risco de extinção até o final deste século. O único caminho para evitar o pior é a reversão da tendência de desmatamento e a recuperação da floresta, o que ajudaria não apenas na conservação das espécies ameaçadas, mas também nos esforços globais para conter a crise climática. “Há uma pequena janela de oportunidade para mudarmos essa trajetória”, observou Mercedes Bustamante (UnB), uma das pesquisadoras envolvidas no estudo. “O destino da Amazônia é central à solução das crises globais”.
A Reuters repercutiu o estudo. CNN Brasil e Globo Rural publicaram uma tradução da reportagem.
Em tempo: Recentemente, o governo brasileiro anunciou a intenção de atingir a neutralidade das emissões líquidas de carbono até 2050. O problema é que, até agora, não há qualquer detalhamento sobre como o Brasil pretende viabilizar essa meta. Se o país seguir empurrando a questão com a barriga, pode colocar em risco não apenas os compromissos climáticos nacionais, mas também os esforços globais para enfrentar a mudança do clima. Na Folha, Ana Toni (iCS), Emilio La Rovere (COPPE/UFRJ) e Mercedes Bustamante (UnB) cobraram a administração Bolsonaro sobre os planos para tirar do papel a neutralidade do carbono. “Se, nesta década, o país emitir mais GEE [gases de efeito estufa], terá que tomar medidas drásticas em momento posterior, a um alto custo econômico e social. Uma abrupta queda das emissões apenas no período final do prazo estipulado na meta não traz, portanto, o benefício climático e social esperado”.
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ClimaInfo, 16 de julho de 2021.
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