Comércio e clima: uma conversa que não pode mais ser adiada

19 de julho de 2021

A proposta da União Europeia de imposição de uma taxa sobre importações proporcional à pegada de carbono no país de origem promete finalmente engatar um debate que vinha sendo empurrado com a barriga pelos países – o comércio como ferramenta para ação contra a mudança do clima.

Na Folha, Tatiana Prazeres refletiu sobre o potencial dessa proposta como um ponto de partida para que outros países também adotem a taxação do carbono como ferramenta para impulsionar a ação climática e resguardar a competitividade de suas economias frente a concorrentes com compromissos climáticos menos ambiciosos.

“Apesar do desconforto que provoca entre seus parceiros comerciais, a medida da UE tem o potencial de servir a uma grande causa. Isso porque a taxa de carbono é um enorme bode na sala de discussão sobre clima, competitividade e comércio internacional. E como agora é impossível ignorar o animal, talvez os europeus tenham criado os incentivos para que, finalmente, haja uma discussão séria sobre o tema, seja na Organização Mundial do Comércio, no G20 ou onde for”, escreveu Prazeres.

Para o Brasil de Bolsonaro, esse movimento pode intensificar as críticas internacionais pela devastação ambiental e os repetidos ataques contra os Povos Indígenas. Nesse contexto, o recado de Míriam Leitão não poderia ser mais claro: “mesmo se você for indiferente às agendas ambiental e indígena, você vai perder. O Brasil será isolado da economia mundial”, escreveu n’O Globo.

Em editorial, a Folha argumentou na mesma linha: além das políticas antiambientais, a falta de planos concretos para viabilizar reduções significativas de emissões na próxima década coloca o país em uma posição ruim neste debate. “Nessa toada, a política de descaso de Bolsonaro para o ambiente ainda vai custar muito caro para o Brasil do que já custa”.

Em tempo 1: No Estadão, Fernando Scheller e Fernanda Guimarães destacaram dados de uma pesquisa feita pela consultoria Russell Reynolds com 1,3 mil executivos de alto escalão no mundo todo. A conclusão é preocupante para o Brasil: em média, o executivo brasileiro é menos entusiasta da chamada agenda ESG (investimentos sob critérios de sustentabilidade ambiental, social e de governança) do que suas contrapartes no exterior. Alguns dos fatores que contribuem para a situação são o discurso e a ação antiambiental do atual governo, os quais minimizam a relevância das questões ESG na economia.

Em tempo 2: O grupo BRADO (Resistência Brasileira à Derrubada da Democracia) promoveu na última 6ª feira (16/7) um protesto contra o governo de Jair Bolsonaro em Nova York (EUA). Uma faixa arrastada por um avião trazia os dizeres “Save the Amazon, Save Lives, Stop Bolsonaro”. A ação aconteceu ao sul da ilha de Manhattan, próximo à Estátua da Liberdade. O UOL deu mais detalhes.

 

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ClimaInfo, 19 de julho de 2021.

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