A crise se agrava: demanda elétrica em alta e os reservatórios em baixa

crise hídrica

O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) registrou aumento na demanda por energia elétrica em todos os meses ao longo do 1o semestre. A alta foi de quase 7% no mês passado no sistema Sudeste/Centro-Oeste, em relação a junho passado. No país todo, ela subiu 8%. Nos últimos 12 meses, esse crescimento foi de quase 5%, o que é muito olhando para os reservatórios baixando a cada dia. O ONS entende que “a recuperação do setor industrial, principalmente das indústrias voltadas para exportação, aliado ao aumento da confiança nos setores de comércio e serviços foram os principais fatores que influenciaram no avanço da carga”.

A falta de chuvas fez com que Itaipu, uma usina a fio d’água, gerasse, nos primeiros 6 meses do ano, a menor quantidade de energia nos últimos 27 anos – lembrando que em 1994, a usina operava 18 das 20 turbinas atuais. Segundo O Globo, ela gerou 20% menos eletricidade do que no ano passado, um ano que já havia sido considerado ruim. Mais ao sul, no rio Paraná que abastece Itaipu, a Reuters informa que o governo argentino também está tomando medidas para poupar a água do rio e evitar um impacto maior na principal via de transporte da produção de soja e outros produtos agrícolas do norte do país.

Ontem, na região Sudeste/Centro-Oeste, a mais crítica, a capacidade de geração estava em menos de 28% do valor máximo. Para poupar água, o governo tem acionado as caras térmicas fósseis. Segundo a Veja, já se gastou neste ano quase R$ 8 bilhões, mais do que ao longo de todo o ano seco de 2015. Apesar dos custos e do fato de que a mudança climática, uma das causas dessas estiagens, é agravada por elas, há quem defenda aumentar mais a emissão de gases de efeito estufa. Adriano Pires, no Poder 360, inverte a tendência mundial de privilegiar as fontes limpas: “Térmicas a gás natural com 70% de inflexibilidade, bem como nucleares passariam a ser parte da geração prioritária de base, sendo complementada por geração hidráulica de vazão mínima, eólica, solar, hidráulica a fio de água”. Já a EPE (órgão oficial de planejamento energético) publicou uma atualização do seu plano para terminais de gás natural liquefeito, acrescentando mais 4 aos muitos existentes e planejados. Talvez por ironia, um deles ficaria em Itacoatiara, às margens do Rio Amazonas, no coração da floresta.

E, por falar em nuclear, sua associação também está aproveitando a crise para vender seu peixe, como informa a Folha. O argumento é que o preço do urânio é estável e é um recurso nacional.

Em tempo: Por conta da crise, tem gente sugerindo a volta do horário de verão. Roberto Kishinami, do iCS, falou com a CNN Brasil explicando porque a volta não ajudaria em quase nada a reduzir o consumo, cerca de 1% de redução. Mas lembrou que “não usamos a eficiência energética de maneira adequada, só lembramos dela quando está em crise”.

 

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ClimaInfo, 21 de julho de 2021.

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