O Brasil precisa mostrar ao mundo como pretende zerar o desmatamento ilegal até 2030 e as emissões de carbono até 2050 se não quiser sair da próxima Conferência do Clima (COP26) como “vilão”. O alerta é do embaixador dos Estados Unidos no país, Todd Chapman, que ressaltou o impacto do descontrole do desmatamento na Amazônia sobre o prestígio internacional do Brasil. Esses compromissos foram apresentados por Bolsonaro em março passado, durante a Cúpula do Clima organizada pelo presidente dos EUA Joe Biden.
“Este é o seu momento de não ser o vilão e ser o herói”, disse Chapman durante café da manhã de despedida com jornalistas brasileiros em Brasília nesta 5ª feira (22/7). “Eu acho que essa [COP26] é a nova oportunidade do governo mostrar o plano de como vai chegar a isso [desmatamento e emissões zero]”.
O embaixador norte-americano também sugeriu ao Brasil apresentar esse plano antes da Conferência de Glasgow, marcada para novembro, para que os outros países possam tomar conhecimento. Chapman não estará no Brasil para ver o final dessa história: ele deixará a embaixada nesta semana, depois de menos de dois anos no posto; o sucessor dele ainda não foi definido pela Casa Branca. Folha e Valor destacaram a fala de Chapman.
Falando em cobrança internacional ao Brasil, José Casado abordou na Veja os eventuais impactos da imposição de taxas de carbono sobre importações brasileiras pela União Europeia e EUA. Para ele, ainda que o país não seja o alvo prioritário dessas medidas, o comércio brasileiro pode ser prejudicado pelos efeitos do desgoverno ambiental sobre a competitividade dos produtos nacionais. “O país já foi um protagonista do acordo climático global, agora é percebido como vilão ambiental”.
Em tempo: O Greenpeace do Reino Unido divulgou uma carta aberta à rede de supermercados Tesco pedindo a interrupção da compra de carne bovina produzida na Amazônia brasileira. O pedido acontece dias após uma reportagem mostrar como a indústria da carne está usando táticas de desinformação para minimizar o impacto ambiental e climático do setor. Em particular, a carta acusa a JBS, uma das empresas citadas pela matéria, de “apoiar ativamente os produtores que estão desmatando e usando fogo para limpar a Amazônia”. O Independent deu mais detalhes.
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ClimaInfo, 23 de julho de 2021.
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