Depois de pressão da Austrália, UNESCO desiste de incluir Grande Barreira de Corais em lista de patrimônio natural sob ameaça

Austrália grande barreira de corais

Depois de muita pressão política, o governo da Austrália conseguiu impedir a inclusão da Grande Barreira de Corais na lista de sítios do patrimônio mundial “em perigo”. Na última 6ª feira (23/7), o Comitê da UNESCO responsável por essa análise desconsiderou uma avaliação científica que apontou para o risco crescente de colapso do recife de 2,3 mil km no litoral norte do país em decorrência dos efeitos da mudança do clima. A inclusão da Grande Barreira na lista de ameaçados era vista pelas autoridades australianas como um potencial empecilho para atividades de turismo em um dos destinos preferidos de viajantes estrangeiros no país.

Ao mesmo tempo, a UNESCO definiu que enviará uma missão científica à Grande Barreira nos próximos meses e pedirá à Austrália que faça o monitoramento do progresso de medidas de conservação da área até fevereiro de 2022. Grupos ambientalistas condenaram a decisão, argumentando que o governo australiano gastou mais tempo e recursos nos últimos meses para evitar a inclusão da Grande Barreira na lista do patrimônio natural sob ameaça do que protegendo efetivamente o maior recife de corais do mundo. A atuação de Camberra foi “um dos esforços de lobby mais cínicos da história recente”, comentou David Ritter, do Greenpeace australiano. “Isso não é uma conquista, mas sim um dia de infâmia para o governo australiano”.

Associated Press, Bloomberg, Guardian e Reuters repercutiram a decisão da UNESCO sobre a Grande Barreira de Corais.

Em tempo: A Bloomberg abordou como as inundações que causaram destruição na Alemanha na última semana desnudaram uma verdade inconveniente para o governo de Angela Merkel. A despeito da liderança política dentro e fora do país na agenda climática, os avanços práticos obtidos pela chanceler alemã em seus 16 anos de gestão foram frustrantes. Em abril, a Suprema Corte Constitucional do país condenou o governo alemão por ter definido medidas e metas climáticas insuficientes para proteger as futuras gerações, uma decisão que causou constrangimento em Berlim.

 

ClimaInfo, 27 de julho de 2021.

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