Urgência climática destacada pelo IPCC contrasta com negacionismo persistente de Bolsonaro no Brasil

Bolsonaro negacionista climático

O panorama apresentado pelo IPCC em seu novo relatório reforça a pressão política sobre os governos de todo o mundo às vésperas da Conferência da ONU sobre o Clima de Glasgow (COP26). Os países serão desafiados a elevar a ambição de seus compromissos e mostrar que estão engajados de verdade no esforço para evitar o pior.

Infelizmente, essa proposição não poderia ter encontrado pior ouvinte no Brasil. O governo Bolsonaro tem sido responsável pelos índices mais assustadores de desmatamento na Amazônia em mais de uma década, sem contar o desmantelamento dos órgãos de fiscalização e o enfraquecimento da política ambiental no país. Tudo isso expôs o Brasil a críticas internacionais, causando o isolamento diplomático do governo brasileiro. Nas palavras de Marcelo Leite, na Folha, “Bolsonaro faz o exato oposto do que é necessário contra a mudança climática.”

“Se o Brasil hoje, sob o governo Bolsonaro, tornou-se um pária no mundo, à luz do novo relatório [ele] irá se tornar um fóssil”, escreveu Daniela Chiaretti no Valor. “Isso significa que o Brasil será palco de mais pressão. (…) O país corre mais risco do que nunca de sofrer sanções internacionais”.

“Os resultados do IPCC implicam que a redução drástica do desmatamento na Amazônia será um elemento essencial da conta da estabilização do clima nos próximos anos. Para azar da humanidade, o presidente do Brasil é Jair Bolsonaro, que quer ver a floresta no chão. Para azar de Bolsonaro, os brasileiros e o resto do mundo não vão aceitar isso calados”, afirmou Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

Míriam Leitão lembrou na CBN que o governo Bolsonaro conseguiu a proeza de apresentar compromissos climáticos menos ambiciosos do que aqueles submetidos pelo Brasil há seis anos, nas negociações que precederam a conclusão do Acordo de Paris. “Na reunião de Glasgow, o mundo terá que aumentar as ambições das suas metas nacionais, as NDCs. O Brasil fez o contrário, reduziu. O Brasil na gestão de Jair Bolsonaro tem sido visto como uma ameaça global ao clima, principalmente pelo aumento do desmatamento na Amazônia”.

Em tempo: O governo Bolsonaro não dá ponto sem nó (cego) quando o assunto é meio ambiente. No mesmo dia em que o IPCC destacou a gravidade da crise climática e a urgência de reduzirmos nossas emissões de gases de efeito estufa nos próximos anos, o Planalto divulgou detalhes sobre o Programa para Uso Sustentável do Carvão Mineral Nacional. De acordo com o governo, os objetivos dessa iniciativa são “a sustentabilidade ambiental [cof], a manutenção da atividade econômica da atual indústria carbonífera [cof-cof] e substituição de termelétricas antigas por novas e modernas [cof-cof-cof] a carvão nacional”.

 

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ClimaInfo, 10 de agosto de 2021.

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