Ferrogrão, a “nova Belo Monte”?

16 de agosto de 2021

O governo Bolsonaro tenta destravar um dos projetos de infraestrutura mais polêmicos dos últimos anos – a construção da Ferrogrão, ferrovia que conectaria os pólos de produção de grãos do Centro-Oeste com o porto de Miritituba (PA). A obra está orçada em mais de R$ 20 bilhões e pretende construir uma linha férrea com cerca de 1 mil km de extensão, num trajeto que corta áreas de proteção ambiental e se aproxima de territórios indígenas, o que levanta preocupações sobre seus impactos socioambientais.

Fabio Zanini fez um panorama do imbróglio na Folha. Para representantes indígenas e ambientalistas, a Ferrogrão é um projeto com potencial de causar danos ao meio ambiente e às comunidades tradicionais similares aos causados pela Transamazônica e a usina hidrelétrica de Belo Monte. Já o governo Bolsonaro contesta este risco e tenta reforçar as “credenciais verdes” da obra, destacando que ela oferecerá um modal de transporte mais eficiente e limpo do que o rodoviário para levar a carga do Centro-Oeste para o Norte. No pano de fundo, temos a incerteza dos investidores internacionais em apoiar um projeto que pode contrariar seus critérios de sustentabilidade em um momento no qual o mercado cobra mais responsabilidade socioambiental nos seus portfólio de investimento.

Ainda sobre cobranças do mercado, o Estadão destacou a reclamação feita por banqueiros ao ministro de infraestrutura, Tarcísio de Freitas, sobre a péssima imagem do Brasil em temas ambientais no exterior. Para eles, o mau-humor internacional com o país já prejudica os negócios e pode comprometer a capacidade de retomada econômica pós-pandemia.

O ministro teria reconhecido que o Brasil precisa apresentar resultados melhores no combate ao desmatamento, mas não fugiu da resposta-padrão do governo Bolsonaro para as críticas internacionais: é tudo uma questão de “problemas de comunicação”. O Valor também repercutiu a notícia.

Em tempo: No blog Ideias Renováveis, da Exame, Alexandre Mansur comentou um estudo recente da Transparência Internacional e do WWF-Brasil e sintetizou cinco recomendações para a prevenção da corrupção em grandes obras na Amazônia: 1) combater a corrupção em licitações e contratos; 2) regulamentar o lobby e o conflito de interesses; 3) promover reformas de integridade nos setores público e privado; 4) fortalecer a participação e o controle social; e 5) aprimorar a gestão de impactos e o licenciamento ambiental.

 

ClimaInfo, 16 de agosto de 2021.

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