Frente à crise hídrica, governo começa por racionar informações

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Em linha com a falta de transparência deste governo, desde janeiro de 2019 não se divulga o “risco de déficit” hídrico. Segundo o Estadão, o MME disse que não há uma métrica para se decretar um racionamento e, sim, o acompanhamento mensal do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) e que o “risco” divulgado anteriormente era ineficaz. Não haver divulgação é certamente pior, pois força empresas e o próprio governo a tomar decisões no escuro. Para a consultoria PSR, há um risco de racionamento entre 10% a 40% neste segundo semestre, dependendo da recuperação da economia.

Segundo o Poder 360, Vicente Andreu, ex-diretor-presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), disse em  audiência pública na Câmara Federal na 3ª feira, que “o ONS (Operador Nacional do Sistema elétrico) aumentou sistematicamente, mês a mês, mesmo as chuvas não chegando, a operação da geração hidráulica no Brasil, e reduziu, de maneira irresponsável, a geração térmica, provocando artificialmente um esvaziamento dos reservatórios” e acrescentou que “é um padrão que leva à fabricação artificial de crise no final do período chuvoso, gerando uma explosão de tarifas”.  Diretores da Aneel confirmaram que a conta, de fato, pode subir ainda mais. Depende, segundo a diretora Elisa Bastos, da “chegada de chuvas” e de os consumidores reduzirem seu consumo, seja por causa do custo ou por entender os recados do governo. Esse aumento pode passar de 16% no ano que vem. A Folha e a Exame acompanharam a audiência.

Enquanto isso, o ministro de minas e energia, almirante Bento Albuquerque, segue alheio a uma crise hídrica histórica e a um relatório sobre a gravidade da crise climática.  Ele foi aos EUA atrair investidores para a exploração de petróleo e gás. Na semana passada, lançou o Plano do Carvão Sustentável. O site do ministério e O Globo falaram da viagem.

 

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ClimaInfo, 17 de agosto de 2021.

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