Afeganistão, entre a seca histórica e o Talibã

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A metade de todas as crianças afegãs com menos de cinco anos de idade sofre de desnutrição aguda em decorrência da grave estiagem que afeta o país. Mesmo antes do avanço do Talibã, o Afeganistão tinha o segundo maior número de pessoas em níveis emergenciais de fome no mundo, informou a Reuters.

Segundo as Nações Unidas, 18 milhões de afegãos – quase a metade da população do país – dependem de ajuda humanitária para sobreviver, e o pedido da ONU de US$ 1,3 bilhão para ajudar essa população arrecadou apenas 38% disso. E há, claro, a pandemia de COVID-19, que já matou pelo menos 7 mil pessoas no país, enquanto menos de 2 milhões de doses da vacina foram aplicadas.

Com a queda de Cabul, organizações sociais estão extremamente preocupadas com a possibilidade de uma crise humanitária sem precedentes, como alerta Mary-Ellen McGroarty, diretora do Programa Alimentar Mundial da ONU para o Afeganistão, em artigo para o Irish Times.

Meenakshi Ganguly, diretor da Human Rights Watch no Sul da Ásia, disse ao Down To Earth (DTE): “Esperamos que a comunidade internacional intervenha urgentemente para garantir que serviços humanitários como a continuação da vacinação e serviços médicos, a proteção de comunidades vulneráveis, mulheres e crianças. A comunidade global tem a responsabilidade de fazer isso”.

Na Folha de São Paulo, Claudio Angelo analisa o declínio simultâneo do interesse dos EUA tanto em relação ao Afeganistão, como em relação aos combustíveis fósseis que tanto impulsionaram a presença estadunidense no Oriente Médio. Claudio defende que o país seria a primeira vítima de uma nova geopolítica dos EUA orientada pela corrida pela descarbonização.

Se a crise climática está na origem dos problemas mais visíveis do Afeganistão, a solução pode morar no combate às mudanças do clima, sugere Hugo Dixon, na Reuters. Para ele, o desastre afegão é uma oportunidade para o ocidente – mais especificamente para os EUA – de reorganizar a ordem mundial em torno da proteção do planeta, trocando o que já foi a Pax Americana carregada de imperialismo por uma “PAX Planeta”, com muito mais apelo global.

 

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ClimaInfo, 20 de agosto de 2021.

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