Aquecimento pode transformar recifes brasileiros em “cidades fantasmas”

Atol das Rocas

A intensificação do aquecimento global, causada pelas mudanças do clima induzidas pela ação humana, pode causar uma devastação significativa na vida marinha no litoral brasileiro. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) analisaram os efeitos do oceano mais quente e ácido sobre os recifes de corais do Atlântico Sul e chegaram a uma conclusão preocupante: metade da vida marinha nesses recifes pode deixar de existir até o final deste século se o nível de emissões de gases de efeito estufa for mantido no patamar atual.

O estudo analisou em particular o Atol das Rocas, primeira Reserva Biológica Marinha do Brasil, localizado a 150 km de Fernando de Noronha. Os autores analisaram como o aumento de temperatura afeta diretamente os animais marinhos, recifes e matéria orgânica. O estudo comparou a biomassa de diversos organismos a cada ano, incluindo peixes, algas, corais e outros invertebrados, levando em conta a eficiência do recife em circular energia e matéria. A projeção sinaliza que a manutenção dos patamares atuais de emissões de GEE resultará em um aquecimento que colocará em risco a sobrevivência de muitas espécies, com o risco de que algumas delas estejam em colapso já em 2050.

“O aquecimento dos oceanos levará a uma diminuição drástica na diversidade marinha, isso porque a biomassa dos recifes transferirá menos energia para o próximo animal da cadeia, as algas vão ter menos nutrientes e os peixes serão menos resistentes, diminuindo e fragilizando as espécies”, explicou Leonardo Capitani, um dos autores do estudo. “Os recifes correm o risco de se tornarem ‘cidades-fantasma’ no mar, totalmente sem vida”, acrescentou outro autor, Guilherme Longo.

Agência Bori e O Globo deram mais detalhes sobre o estudo.

 

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ClimaInfo, 19 de agosto de 2021.

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