Amazônia: emissões do desmatamento são bem maiores do que a remoção de carbono da regeneração

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Em todo o bioma amazônico desmatou-se mais de 800 mil km2, uma área quase do tamanho dos estados de Minas Gerais e São Paulo juntos e emitindo cerca de metade do que o mundo todo emite anualmente, dando uma contribuição importante para o aumento da temperatura global. Cerca de ¼ dessa área não virou nem pasto, nem soja e a floresta voltou a crescer. Só que a floresta secundária é mais pobre, tanto em biodiversidade como em carbono. Erika Berenger, da Universidade de Oxford, e colegas publicaram um artigo sobre o estado das perdas no bioma todo e dando uma atenção especial para os balanços entre a floresta intacta e as secundárias. Em um artigo na Conversation, eles explicam em linguagem não acadêmica os principais achados.

O Brasil abriga metade do bioma, mas responde por 85% da área desmatada e 80% das emissões. As secundárias por aqui cresceram em ¼ da área desmatada enquanto que, no Equador, onde elas ocupam metade da área desmatada. Aqui, as secundárias removeram da atmosfera apenas 10% do dióxido de carbono que o desmatamento emitiu; na Guiana, elas absorveram metade do que havia sido emitido.

Em tempo: Muita gente acha que será preciso remover muito CO2 da atmosfera para limitar o aquecimento global. Nos EUA, a indústria petroleira, maior responsável pelas emissões, está pressionando o Congresso para liberar bilhões de dólares para desenvolver e implementar projetos de captura e armazenagem de carbono. O lobby fóssil americano apresentou um projeto de lei que aloca US$12 bilhões. A proposição passou pelo Senado e, agora, está na câmara baixa. Segundo a Inside Climate News, vem mais por aí. Críticos dizem que esse dinheiro seria melhor aproveitado expandindo as renováveis e aumentando a eficiência do uso da energia. Afinal, o contribuinte americano já subsidia massivamente o setor.

Uma notícia do New York Times mostra a fragilidade de compensar emissões usando créditos de carbono florestais. Os incêndios na costa oeste americana engolfaram áreas que fazem parte de projetos de carbono e cujos donos venderam créditos. Viraram fumaça duas vezes: uma, físicamente, nos incêndios; outra, comercialmente, das emissões de quem comprou os créditos de carbono.

 

ClimaInfo, 24 de agosto de 2021.

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