Amazônia: emissões do desmatamento são bem maiores do que a remoção de carbono da regeneração

24 de agosto de 2021

Em todo o bioma amazônico desmatou-se mais de 800 mil km2, uma área quase do tamanho dos estados de Minas Gerais e São Paulo juntos e emitindo cerca de metade do que o mundo todo emite anualmente, dando uma contribuição importante para o aumento da temperatura global. Cerca de ¼ dessa área não virou nem pasto, nem soja e a floresta voltou a crescer. Só que a floresta secundária é mais pobre, tanto em biodiversidade como em carbono. Erika Berenger, da Universidade de Oxford, e colegas publicaram um artigo sobre o estado das perdas no bioma todo e dando uma atenção especial para os balanços entre a floresta intacta e as secundárias. Em um artigo na Conversation, eles explicam em linguagem não acadêmica os principais achados.

O Brasil abriga metade do bioma, mas responde por 85% da área desmatada e 80% das emissões. As secundárias por aqui cresceram em ¼ da área desmatada enquanto que, no Equador, onde elas ocupam metade da área desmatada. Aqui, as secundárias removeram da atmosfera apenas 10% do dióxido de carbono que o desmatamento emitiu; na Guiana, elas absorveram metade do que havia sido emitido.

Em tempo: Muita gente acha que será preciso remover muito CO2 da atmosfera para limitar o aquecimento global. Nos EUA, a indústria petroleira, maior responsável pelas emissões, está pressionando o Congresso para liberar bilhões de dólares para desenvolver e implementar projetos de captura e armazenagem de carbono. O lobby fóssil americano apresentou um projeto de lei que aloca US$12 bilhões. A proposição passou pelo Senado e, agora, está na câmara baixa. Segundo a Inside Climate News, vem mais por aí. Críticos dizem que esse dinheiro seria melhor aproveitado expandindo as renováveis e aumentando a eficiência do uso da energia. Afinal, o contribuinte americano já subsidia massivamente o setor.

Uma notícia do New York Times mostra a fragilidade de compensar emissões usando créditos de carbono florestais. Os incêndios na costa oeste americana engolfaram áreas que fazem parte de projetos de carbono e cujos donos venderam créditos. Viraram fumaça duas vezes: uma, físicamente, nos incêndios; outra, comercialmente, das emissões de quem comprou os créditos de carbono.

 

ClimaInfo, 24 de agosto de 2021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar