Pereira Leite muda estilo no MMA, mas mantém linha “boiadeira”

24 de agosto de 2021

Depois de dois meses no comando do ministério do meio ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite ainda é um ilustre desconhecido nos círculos e corredores do poder em Brasília. O sucessor de Ricardo Salles tem apostado na discrição para conseguir recuperar as pontes incineradas pelo ex-chefe nos últimos dois anos e meio.

O Globo fez um perfil de Pereira Leite e sintetizou sua atuação no ministério: a despeito da óbvia mudança de estilo, o foco da pasta segue sendo o mesmo – desmonte, flexibilização, enfraquecimento e desmoralização da política e dos órgãos ambientais do governo federal.

O fato de não ter feito mudanças substanciais em questões problemáticas da era Salles no MMA, como a militarização do IBAMA e do ICMBio, desperta desconfianças de ambientalistas e de interlocutores preocupados com os rumos do meio ambiente no Brasil.

Como Bryan Harris escreveu no Financial Times, qualquer esforço de Pereira Leite no sentido de readequar a política ambiental no país vai bater de frente com os interesses políticos e ideológicos do presidente Jair Bolsonaro – e o novo ministro não demonstra ter condições e apetite para esse tipo de embate.

Falando em Bolsonaro, em entrevista a uma rádio no interior de São Paulo, o presidente lamentou que o “exagero” do IBAMA e do ICMBio com a proteção do meio ambiente “afugenta” turistas. “Tudo é proibido. Enquanto não mudarmos essa mentalidade junto ao ICMBio e ao IBAMA não tem como dar muita esperança para que o turismo se desenvolva na região [do Vale do Ribeira]”, disse Bolsonaro, citado pelo UOL.

Infelizmente, o presidente não disse uma palavra sobre a devastação do fogo no Pantanal, agravada pela omissão de seu governo em implementar medidas preventivas, que praticamente destruiu um dos maiores polos de turismo ecológico do país.

Em tempo: Pesquisa do PoderData divulgada nesta 2ª feira (23/8) mostrou que 46% dos brasileiros avaliam a política ambiental de Bolsonaro para a Amazônia como ruim/péssima, dez pontos percentuais acima do número registrado em julho de 2020. Entre as pessoas consultadas, 27% avaliaram o trabalho do governo como bom/ótimo (mesmo percentual da pesquisa anterior), e outros 27% como regular (queda de três pontos).

 

ClimaInfo, 24 de agosto de 2021.

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