Pereira Leite muda estilo no MMA, mas mantém linha “boiadeira”

Pereira Leite boiada

Depois de dois meses no comando do ministério do meio ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite ainda é um ilustre desconhecido nos círculos e corredores do poder em Brasília. O sucessor de Ricardo Salles tem apostado na discrição para conseguir recuperar as pontes incineradas pelo ex-chefe nos últimos dois anos e meio.

O Globo fez um perfil de Pereira Leite e sintetizou sua atuação no ministério: a despeito da óbvia mudança de estilo, o foco da pasta segue sendo o mesmo – desmonte, flexibilização, enfraquecimento e desmoralização da política e dos órgãos ambientais do governo federal.

O fato de não ter feito mudanças substanciais em questões problemáticas da era Salles no MMA, como a militarização do IBAMA e do ICMBio, desperta desconfianças de ambientalistas e de interlocutores preocupados com os rumos do meio ambiente no Brasil.

Como Bryan Harris escreveu no Financial Times, qualquer esforço de Pereira Leite no sentido de readequar a política ambiental no país vai bater de frente com os interesses políticos e ideológicos do presidente Jair Bolsonaro – e o novo ministro não demonstra ter condições e apetite para esse tipo de embate.

Falando em Bolsonaro, em entrevista a uma rádio no interior de São Paulo, o presidente lamentou que o “exagero” do IBAMA e do ICMBio com a proteção do meio ambiente “afugenta” turistas. “Tudo é proibido. Enquanto não mudarmos essa mentalidade junto ao ICMBio e ao IBAMA não tem como dar muita esperança para que o turismo se desenvolva na região [do Vale do Ribeira]”, disse Bolsonaro, citado pelo UOL.

Infelizmente, o presidente não disse uma palavra sobre a devastação do fogo no Pantanal, agravada pela omissão de seu governo em implementar medidas preventivas, que praticamente destruiu um dos maiores polos de turismo ecológico do país.

Em tempo: Pesquisa do PoderData divulgada nesta 2ª feira (23/8) mostrou que 46% dos brasileiros avaliam a política ambiental de Bolsonaro para a Amazônia como ruim/péssima, dez pontos percentuais acima do número registrado em julho de 2020. Entre as pessoas consultadas, 27% avaliaram o trabalho do governo como bom/ótimo (mesmo percentual da pesquisa anterior), e outros 27% como regular (queda de três pontos).

 

ClimaInfo, 24 de agosto de 2021.

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