Um biombo de metano para esconder as emissões da Chevron

Chevron

A petroleira Chevron está investindo na produção de biogás a partir de dejetos de 28 fazendas leiteiras nos EUA ao custo de US$30 milhões cada (R$160 milhões na cotação de ontem). A matéria da Bloomberg diz que o metano coletado será injetado em redes de gás natural. Não há informações sobre quantidades de vacas, estrume ou metano. Perto das 700 milhões de tCO2e que a Chevron declarou ter emitido em 2019, não deve ser significante. O investimento também é pífio, comparado às receitas de US$140 bilhões no ano passado. Esses valores vieram dos arquivos de greenwashing da Client Earth.

A agência de rating S&P avisou a BHP que sua avaliação pode piorar após o anúncio de que venderia seu portfólio de ativos e investimentos em petróleo e gás. O Financial Times conta que a S&P entende que a empresa ficará mais dependente do minério de ferro, em si, sujeito a chuvas, trovoadas e guerras comerciais. A decisão da BHP, uma das donas da Samarco, vem do compromisso com um futuro livre de fósseis. A ameaça da S&P confirma que ela e suas irmãs ainda não entenderam os riscos que o clima traz à economia mundial.

Em tempo: Robson Braga de Andrade, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), escreveu na Folha sobre quatro eixos de um necessário projeto nacional para a transição para uma economia de baixo carbono. Dois deles não têm muito a ver com a indústria (transição energética e zerar o desmatamento). Um é sobre a economia circular que a indústria ajuda a que nunca saia do papel. O último é sobre a precificação das emissões e a implantação de um cap-and-trade nacional. Sintomaticamente, Andrade só explica no que consiste o trade, evitando, assim, esse assunto desagradável que são os caps.

 

ClimaInfo, 25 de agosto de 2021.

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