Madagascar à beira de um desastre climático e humanitário

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Nesta semana, a ONU voltou a alertar a comunidade internacional sobre a situação de insegurança alimentar grave vivida por Madagascar. O país-ilha africano sofre com sua pior seca em 40 anos, o que praticamente arruinou a agricultura local e esvaziou os estoques de alimentos.

Para representantes da ONU e de agências humanitárias presentes no país, essa é a primeira grande crise humanitária causada totalmente pela mudança do clima. A situação é mais dramática no sul do país: quase três milhões de pessoas sofrem com a falta d’água e seus efeitos sobre a segurança alimentar.

“É assim que vemos as verdadeiras consequências da mudança do clima”, desabafou Issa Sanogo, representante da ONU em Madagascar. “Essas pessoas não fizeram nada para merecer isso. No entanto, são elas quem mais sofrem com os efeitos negativos das transformações no clima”. De acordo com a ONU, cerca de 30 mil pessoas no país já sofrem com o nível mais alto de insegurança alimentar.

A BBC destacou a situação de Madagascar e observou que, além da falta de chuvas, o país também é prejudicado por uma má gestão de seus recursos hídricos, o que intensifica os efeitos negativos da seca. Já a Bloomberg descreveu como algumas pessoas estão recorrendo a gafanhotos, cactos crus e folhas selvagens para se alimentar, na falta de grãos, cereais e carne. Deutsche Welle, Euronews e Independent também repercutiram o alerta da ONU sobre a fome em Madagascar.

Enquanto isso, mais ao norte da África, o Guardian destacou as dificuldades vividas na Somália, um dos países mais pobres e desestruturados do mundo. A sobreposição de conflitos armados, eventos climáticos extremos e pandemia piorou a situação de milhões de somalis; para piorar, o risco de violência por grupos armados dificulta o acesso de organizações humanitárias àqueles mais necessitados de ajuda.

Em tempo: A retomada do controle do Afeganistão pelo Talibã coloca em risco a sobrevivência de milhões de pessoas no país que também são afetadas por uma seca severa. O país enfrenta atualmente sua segunda grande seca em dez anos. De acordo com a rede Climate Security Experts, desde 1950 a temperatura média anual do país aumentou 1,8oC, enquanto a incidência de chuvas intensas cresceram entre 10% e 25% nos últimos 30 anos. Agências humanitárias temem que o Talibã dificulte o trabalho de ajuda às comunidades mais vulneráveis à seca no país. O Climate Home deu mais detalhes. Já a Newsweek destacou que a liderança do Talibã quer aproveitar o tema climático para ganhar legitimidade internacional. O porta-voz do grupo, Abdul Qahar Balkhi, disse que o novo governo quer ajudar a combater a mudança climática: “Desafios como a segurança mundial e a mudança do clima dependem dos esforços coletivos de todos, e não podem ser alcançados se excluirmos ou ignorarmos um povo inteiro que foi devastado por guerras impostas nas últimas quatro décadas”, disse Balkhi. O Daily Mail também repercutiu essa notícia.

 

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ClimaInfo, 26 de agosto de 2021.

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