O “sincericídio” de Paulo Guedes revela um desprezo pelo país e pelos fundamentos da economia

27 de agosto de 2021

O ministro Guedes cravou mais uma frase para a história: “Qual o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?” A boutade orna com a que ele cometeu na 2ª feira ao dizer que uma inflação de 8% faz parte do jogo, em um evento coberto pelo G1. Lembrando que a meta da inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional para este ano era de 5,25%. A frase de ontem foi, claro, destaque em toda a mídia, dentre elas Poder 360, G1, Valor, O Globo, Correio Braziliense, Jovem Pan e Estadão. O Exame explicou o impacto inflacionário da conta de luz mais cara. A Folha, além da frase, comentou as outras preocupações inflacionárias do mercado. José Paulo Kupfer, no UOL, acha que só o ministro sabe a resposta à própria pergunta.

Políticos do Centrão à Oposição não perdoaram. O Poder 360 ouviu o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), que comentou que era “impressionante a desconexão [do ministro] com a realidade do povo”. Segundo O Globo, o deputado Altineu Côrtes (PL-RJ) pediu a Guedes para sair do ministério. O PL é um dos pilares do Centrão e frases deste calibre não são inocentes. Talvez farejando mais um ministério.

Com as curvas da pandemia em baixa, a economia voltou a crescer e, com ela, o consumo de eletricidade. A Veja traz dados da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) que apurou, para a 1ª quinzena de agosto, um aumento de consumo de 28% no setor de serviços e 14% no setor de comércio. Os dois juntos respondem por pouco mais de 15% da eletricidade vendida no país.

Outro que não se importa com custos altos é o ministro de minas e energia. Ontem, em um evento promovido pela empresa atômica russa Rosatom, o almirante disse que “vivemos um momento promissor para a consolidação da energia nuclear no Brasil, o que, segundo ele “implicará na construção de novas usinas”. A notícia saiu no Valor. Não há lugar no mundo onde a eletricidade nuclear seja mais barata do que as renováveis. Aliás, do que as térmicas fósseis também. Soa algo como a propaganda de um cartão de crédito: “O poder nuclear não tem preço, para a conta, existe o consumidor”.

 

ClimaInfo, 27 de agosto de 2021.

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