Bolsonaro sugere descumprimento da lei caso marco temporal seja rejeitado pelo STF

Bolsonaro desprezo indígenas

O julgamento do marco temporal pelo STF foi instrumentalizado pelo presidente Jair Bolsonaro em sua campanha golpista contra a democracia e as instituições republicanas do Brasil. Em ato com representantes evangélicos no sábado (28/8), Bolsonaro disse que uma eventual decisão do STF contrária ao marco temporal “inviabilizaria o agronegócio” e sugeriu que poderia descumprir a determinação judicial, o que seria mais um crime de responsabilidade em uma ficha corrida já bastante extensa: “Temos duas opções [caso o STF rejeite a tese]. Não vou dizer agora, mas já está decidido qual é a opção. É aquela que interessa ao povo brasileiro, é aquela que está ao lado da nossa Constituição”.

Bolsonaro também mostrou desprezo aos indígenas acampados em Brasília na última semana. “É gente que é arrebanhada pelo MST, gente que é arrebanhada pelo CIMI. É gente esta, os indígenas, que está lá protestando e não se sabe pelo quê”, disse o presidente. “Esse tipo de gente quer voltar ao poder com ajuda daqueles que censuram, prendem e atacam os defensores da Constituição e da liberdade”.

A fala de Bolsonaro sintetiza o ódio deste presidente e do atual governo pelos Povos Indígenas e pela Democracia. Aqueles que defendem seus direitos contra ataques criminosos são vistos pelo presidente como “gente arrebanhada”, sem vontade própria, instrumentalizada por outros interesses. Já aqueles que defendem abertamente o golpe de Estado, que atacam os direitos de grupos sociais vulneráveis e tratam qualquer oposição como inimigo a ser trucidado no campo de batalha são os “defensores da Constituição e da liberdade”. A falta que faz um espelho!

Estadão, O Globo, Metrópoles e UOL repercutiram a notícia.

Em tempo: O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) ordenou à FUNAI a conclusão da demarcação da Terra Indígena Tuwa Apekuokawera, do povo Suruí Aikewara, no Pará. De acordo com o Ministério Público Federal, o processo se arrasta desde 2004 e representa uma “flagrante omissão do Poder Público”. Pela decisão, o governo federal tem 30 dias para concluir o processo. A área possui 12 mil hectares e está localizada entre os municípios de Marabá e São Geraldo do Araguaia. O G1 deu mais informações.

 

ClimaInfo, 30 de agosto de 2021.

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