Nesses últimos dias, choveu, não água, mas análises da crise hídrica. Roberto Kishinami, do Instituto Clima e Sociedade, disse à CNN que os programas voluntários do governo foram feitos, não para funcionar, mas para achar culpados pela situação. Se fosse sério, o governo baixaria um programa obrigatório. E avisou que aumentar a conta de luz já não faz mais efeito. 50% do consumo é concentrado nos 30% mais ricos, para quem esse aumento é pouco. “Os de menor renda já reduziram o seu consumo, com as tarifas que já estão altas.”
Roberto Schaeffer, da UFRJ, diz que se sabe de há muito que, por conta da mudança do clima, “há uma tendência da região Norte se tornar mais seca, do Norte e do Nordeste saírem de uma situação de semiárido para se tornar um deserto”. Assim, as chuvas que enchiam reservatórios recém-inaugurados não existem mais. Schaeffer complementa dizendo que não fazer nada sai muito caro. “Faltar energia elétrica no Brasil neste ano custa mais do que qualquer plano possível de controle de desmatamento”. A RF1 falou com Schaeffer e outros especialistas.
A provocação sem sentido de Guedes, foi traduzida em números. Maurício Tolmasquim, ex-presidente da EPE, disse à CNN que o custo adicional de se ligar as térmicas é da ordem de R$14 bilhões, que precisa ser pago pelo consumidor.
Analistas de mercado preveem que a conta de luz chegará no final do ano 10% mais cara do que em janeiro e, com isso, segundo o Valor e o G1, a inflação passará de 7,7% para 8,1%. Segundo a Folha, o PIB encolheu 0,1% no 2º trimestre, em parte porque começa a faltar água para o agronegócio. Miriam Leitão, n’O Globo diz que não será surpresa se a inflação bater em 10% este ano. Álvaro Gabriel, também n’O Globo, dá uma panorâmica do mundo de fantasia onde vivem ministros e presidentes. E o impacto que o mundo real trará a todos.
A térmica mais cara do país reajustou a eletricidade que vende em 50%. Alega que a Petrobrás aumenta aleatoriamente o preço do fóssil. Como se vê, a crise para muitos é uma oportunidade para a esperteza de outros. A notícia saiu na Folha.
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ClimaInfo, 2 de setembro de 2021.
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