Meteorologistas alertam para chuvas abaixo da média

chuvas abaixo da média

A dança da chuva do Planalto não deve estar funcionando. O Cemadem (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) avisou que teremos mais uma estação chuvosa com menos chuva, o que irá piorar a já grave crise hídrica. Em agosto, já havia a quase certeza de que aconteceria um novo La Niña ainda este ano, trazendo menos chuva para o Sudeste e o Centro-Oeste. O Globo reproduz um gráfico do Cemadem com a variação das chuvas em relação à média histórica. Não é crível alguém dizer que foi pego de surpresa – pelo menos desde 2002, chove menos em quase todo o país. E não há dúvidas de que a Amazônia, desmatada, não transfere mais tanta água para o sul.

Ontem, as represas do Sudeste/Centro-Oeste estavam com 21% de sua capacidade, segundo o site Metropoles e o ONS. Apesar disso, não há risco de as usinas hidrelétricas pararem, ao contrário do que disse o presidente outro dia – a Folha comentou a fala de Bolsonaro. O risco cada dia mais agudo é não ter água suficiente para suportar os picos de demanda que começam no meio da tarde quando os aparelhos de ar condicionado funcionam a plena carga, o que pode provocar apagões.

Elena Landau, ex-presidente do Conselho de Administração da Eletrobras, falou à UOL. Ela usou a palavra “grave” repetidas vezes para se referir à crise e falou da péssima gestão e comunicação por parte do governo na condução da economia, o que está nos levando de volta a uma inflação de dois dígitos, penalizando, como sempre, os mais pobres. “Pagar mais pela energia por questão climática, tudo bem, mas por incompetência, não”.

Numa live do Valor, Fernando Barbosa, do Bradesco, entende que estamos em “um nível bastante desconfortável. Não parece prudente do ponto de vista da segurança do setor que se opere ao redor de 10%.” Mas, talvez para não desmentir o ministro Bento, completou: “Nossa conta é que vai bater na trave, mas não entrar no gol. Ou seja, ficaremos próximos de ter racionamento.”

Empresários que conversaram com a Exame estão pedindo a volta do horário de verão, extinto em uma das primeiras medidas do governo Bolsonaro. O argumento era o de que a mudança de horário economiza pouca energia. Diante do quadro atual, qualquer pequeno bocado faz diferença.

 

ClimaInfo, 3 de setembro de 2021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.