As lorotas de Bolsonaro para minimizar o estrago ambiental do Brasil no exterior

14 de setembro de 2021

Em face do desastre ambiental vivido pelo Brasil, o governo Bolsonaro e a ala do agronegócio que o apoia estão suando a camisa para convencer governos, empresas e investidores no exterior de que o problema do país é meramente “de imagem”. Na BBC Brasil, Thaís Carrança fez um apanhado das lorotas oferecidas pelos defensores do Palácio do Planalto, que vão desde a “falta de informações sobre a situação real” do Brasil até críticas aos “maus brasileiros” que estariam caluniando o país no exterior.

Como observou o professor Maurício Santoro (UFRJ) na reportagem, a insistência do governo Bolsonaro nesse tipo de argumento depois de quase três anos de governo é “surpreendente”. “Já era hora de ter mudado”.

Robson Bonin destacou na Veja a pretensão de Bolsonaro em citar a questão ambiental em seu discurso na Assembleia Geral da ONU na próxima semana. O texto deve reforçar medidas recentes na área, como a contratação de novos servidores para os órgãos ambientais federais e a redução (ainda que marginal) do desmatamento nos últimos meses.

Já no Conselho de Direitos Humanos da ONU, os representantes do Brasil minimizaram as críticas da alta-comissária Michelle Bachelet à situação do meio ambiente e dos Povos Indígenas no Brasil. De acordo com Jamil Chade no UOL, o embaixador Tovar Nunes rejeitou o diagnóstico de Bachelet sobre os riscos enfrentados por indígenas e ambientalistas e disse que o governo defende os Direitos dos Povos Tradicionais – a despeito dos números e da realidade em campo apontarem o oposto. O Globo também repercutiu a resposta brasileira em Genebra.

Enquanto isso, as pretensões do governo Bolsonaro de chegar a um acordo de livre comércio com os EUA foram praticamente enterradas pelo governo norte-americano. O diplomata Daniel Watson, representante do Departamento de Estado dos EUA para negociações comerciais no hemisfério ocidental, alertou que a possibilidade disso acontecer é diminuta, especialmente por causa das preocupações com a questão ambiental no Brasil. “Continuamos a ouvir questionamentos muito fortes de alguns membros do Congresso sobre a Amazônia, desmatamento, Direitos Indígenas e Direitos Humanos”, disse. Folha e Valor abordaram essa fala.

Em tempo: Segundo informa Mauro Zafalon na Folha, tem aumentado o desembarque do agro do governo Bolsonaro. Bolsonaro ainda tem apoio dos produtores rurais, mas mesmo neste este grupo, os grandes, tanto da pecuária como da agricultura, deixaram o barco. Os atores engajados com logística, industrialização e comércio externo pularam do barco há mais tempo, enquanto o pessoal dos biocombustíveis o fez mais recentemente. Assim, a busca de uma “terceira via” virou tema de um jantar da 2ª feira passada (13/9), em São Paulo, com participantes dos setores industrial, mercado financeiro e agronegócio.

 

ClimaInfo, 15 de setembro de 2021.

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