Consultoria aponta que racionamento de energia em 2022 pode zerar o PIB brasileiro

14 de setembro de 2021

A corretora XP somou um risco de racionamento de 30% com o aumento da inflação e as incertezas da política econômica e fiscal do governo para projetar um aumento na taxa de juros e um crescimento pífio da economia no ano que vem. Se o governo decretar um racionamento, nem crescimento haverá. Em conversa com jornalistas, economistas da corretora dizem estimar que um racionamento de 10% no consumo retira 1,2 pontos do PIB. A conversa foi relatada no UOL e na Folha.

Ao Valor Investe, Luiz Barroso, da consultoria PSR, disse que há um risco de racionamento de 20% e um risco de 30% de que o sistema elétrico opere de forma “apertada” neste ano, podendo sofrer com blecautes pontuais em horários de pico de demanda. Barroso entende que as iniciativas do governo ajudam a afastar o racionamento.

Para o Poder 360, o ministro Bento disse que “não há data determinada para isso terminar”, e, tentando justificar, acrescentou que “estamos vivendo uma crise hídrica que mês a mês as afluências são menores e isso tira a previsibilidade de quando essa crise hídrica vai terminar”. Os meteorologistas têm previsões bastante acuradas para a chuva que cairá nos próximos meses. O pior cego é o que diz que não consegue ver nada.

Camille Lichotti, na Piauí, liga corretamente os pontos: uma seca provocada pela mudança do clima que, por sua vez, vem sendo intensificada pelo desmatamento da Amazônia, o que faz o governo acionar todas as térmicas possíveis, aumentando as emissões de gases de efeito estufa e, junto, o aquecimento global. Acrescente-se que a redução do volume de grãos transportados pela hidrovia Tietê-Paraná leva a um aumento do transporte rodoviário responsável por 20% das emissões pela queima de combustíveis fósseis, ou 5% do total de emissões brasileiras.

A consultoria MegaWhat estima que a tremenda alta na conta de luz não será suficiente para pagar todas as térmicas este ano. Segundo matéria do Valor, ficará um ajuste de R$5 bilhões para entrar nos reajustes das tarifas (e não bandeiras) no ano que vem. Com o grave risco de que, em sendo ano eleitoral, o governo Bolsonaro pendure a conta para um possível futuro governo.

Para quem quer entender melhor a dimensão da crise e as perspectivas para 2020, vale ouvir o podcast d’O Globo com a conversa entre a jornalista Fernanda Trisotto e o economista Roberto Brandão, da UFRJ.

Um alerta para os defensores das térmicas a gás: não só o preço do gás disparou aqui, como ele vem aumentando mundo afora. No Reino Unido, o preço da eletricidade das térmicas a gás está 11 vezes acima do que seria considerado normal. Com o inverno chegando no hemisfério norte, a demanda por gás deve aumentar, arrastando o preço do fóssil para cima. Assim, as perspectivas para a virada do ano parecem trazer mais aumentos nas nossas contas de luz. Vale ver as matérias do Financial Times e The Telegraph.

 

ClimaInfo, 15 de setembro de 2021.

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