O novo acordo de defesa entre Estados Unidos, Reino Unido e Austrália pode dificultar o destravamento das negociações climáticas entre os países na COP26. O acordo foi anunciado nesta semana e visto como uma resposta militar à China, já que um de seus pontos prevê o desenvolvimento conjunto e a venda de equipamentos militares para o governo australiano – em especial, submarinos de propulsão nuclear. O anúncio foi pessimamente recebido por Pequim, que afirmou que a parceria “prejudica enormemente a paz e a estabilidade regionais, agrava a corrida armamentista e prejudica os esforços internacionais de não proliferação”.
No Guardian, Fiona Harvey lembrou de declarações recentes do governo chinês sobre cooperação internacional climática. Para a China, as ações conjuntas dos países contra a mudança do clima não podem ser isoladas da estabilização das relações geopolíticas entre eles. Essa posição é contestada pelos EUA, que defendem uma separação entre a questão climática e outros pontos mais delicados das relações bilaterais, como as tensões comerciais e militares entre Pequim e Camberra. Especialistas criticaram o timing do anúncio e acusaram Washington e Londres de, ainda que indiretamente, privilegiarem politicamente o governo australiano liderado por negacionistas da crise climática.
O Axios também ressaltou os diversos sinais geopolíticos preocupantes que se acumulam a menos de dois meses da Conferência de Glasgow: ao invés dos países se alinharem em favor de metas e ações mais ambiciosas antes da COP, o tom dos discursos nas principais capitais do planeta é duro. O recado não é reconfortante: “É hora de os defensores do clima e os líderes mundiais se prepararem para um período turbulento de diplomacia climática”.
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ClimaInfo, 17 de setembro de 2021.
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