Marco temporal: suspensão de julgamento no STF prejudica Povos Indígenas

16 de setembro de 2021

O adiamento indefinido do julgamento pelo STF do marco temporal para demarcação de Terras Indígenas interessa aos defensores da tese e deixa os Povos Indígenas em um limbo jurídico que pode se desdobrar em novas ameaças a seus direitos. A votação, que está empatada em 1×1, foi interrompida nesta 4ª feira (15/9), depois do ministro Alexandre de Moraes pedir vista do processo.

N’O Globo, Míriam Leitão alertou para o risco dos ruralistas empurrem no Congresso Nacional, neste meio tempo, a aprovação do projeto de lei (PL) 490 que restringe ainda mais o processo de demarcação. “Eles [ruralistas] reuniram todas as teses anti-indígenas e colocaram nesse PL, que eu chamo de PL da Maldade”, disse a deputada Joenia Wapichana (RR). “Um PL não pode modificar a Constituição”, observou, destacando que a tese do marco temporal não encontra guarida no texto constitucional.

“Não existe marco temporal na Constituição de 1988, existe uma ficção jurídica criada justamente para impedir a reparação de um Direito dos Índios”, explicou, à Carta Capital, Rafael Modesto dos Santos, advogado que representa o Povo Xokleng no caso em análise no STF. “Um direito que é originário, preexistente, inato, é congênito. É um direito anterior à criação do Estado brasileiro, é um direito declarado e não constituído, portanto, que já existia sempre”.

No UOL, Carlos Madeiro comentou a paralisação das demarcações de Terras Indígenas no Brasil sob o governo Bolsonaro. Segundo dados da Procuradoria-Geral da República, as ações civis públicas que pedem o início ou conclusão do procedimento de regularização dessas áreas saltou de cinco em 2020 para 22 neste ano, um aumento de 340%. “Verifica-se que a promessa de campanha do governo Bolsonaro, de que não demarcaria nenhum centímetro a mais de Terra Indígena, vem sendo colocada em prática em frontal violação ao artigo 231 da Constituição da República”, observaram os procuradores da Câmara Temática de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais da PGR, responsáveis pelo levantamento.

Em tempo: A Justiça de Minas Gerais condenou o governo do estado, junto com a FUNAI e a União, por violações dos Direitos Humanos e Civis do Povo Krenak cometidas durante a ditadura militar (1964-1985). A decisão da juíza Anna Gonçalves diz que os indígenas tiveram seus direitos violados ao serem confinados em uma espécie de campo de concentração entre os anos 1960 e 1970: “É possível observar a inquietude e a tristeza que o exílio forçado causou ao grupo indígena Krenak, transformando totalmente o modo de vida da comunidade, especialmente em relação aos membros mais velhos, pois, além do confinamento e da exigência de trabalhos forçados, as condições ambientais da região da Fazenda Guarani eram totalmente diferentes da área por eles habitada em Resplendor, na Região do Rio Doce”. A Deutsche Welle deu mais detalhes.

 

Leia mais sobre marco temporal Terras Indígenas e crise climática no ClimaInfo aqui.

 

ClimaInfo, 17 de setembro de 2021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar