Reservatórios vazios mudam a rotina de operação das usinas

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A crise hídrica está fazendo usinas com reservatório serem operadas como se fossem a fio d’água, como conta O Globo. A matéria também fala da situação atual de algumas das  principais usinas do Sudeste.

Uma usina a fio d’água não tem reservatório e gera conforme a vazão natural do rio. Itaipu é uma delas, como são as mais de 20 usinas  construídas entre 1960 e 1980, principalmente no Sudeste. As grandes usinas construídas neste século na Amazônia, também.

O impacto ambiental das fio d’água é muito menor, posto que não é preciso inundar centenas ou até milhares de quilômetros quadrados para encher um reservatório. A Amazônia é uma extensa planície e qualquer barragem inunda uma área descomunal.

Mesmo tendo sido ministro e secretário do Meio Ambiente, o professor José Goldemberg disse à Rádio Bandeirantes que o país deveria ter continuado a construir usinas com reservatórios. Mas é importante observar que o problema da atual crise é a falta de água e não a falta de reservatórios. Mesmo as grandes usinas amazônicas estariam com pouca água porque também choveu menos na margem direita do rio Amazonas.

Pelas regras do sistema elétrico, uma usina é contratada para gerar uma certa quantidade de eletricidade. Quando não consegue, ela tem que comprar energia no mercado livre. Segundo o Valor, é isso que está acontecendo com várias geradoras. Como o preço da eletricidade no mercado livre está bem maior do que o valor contratado, o prejuízo momentâneo é da geradora, que procurará repassá-lo ao consumidor logo que possível. Assim, certamente teremos pela frente mais aumentos na conta de luz.

Sergio Leitão, do Escolhas, entende que o sistema elétrico não aprendeu que o clima já mudou com as 3 últimas crises. Ele disse em um debate desta semana, que continuamos a ter que passar por crises perfeitamente previsíveis como se fossemos pegos de surpresa. A fala foi relatada na Energia Hoje.

Feliz e oportuna foi a publicação do iCS sobre eficiência energética, um ponto o qual o instituto trata com especial atenção. Desta vez, o trabalho foi escrito a muitas mãos especializadas na ineficiência do sistema e no parque de equipamentos que consomem eletricidade. Ele apresenta sugestões concretas de como modernizar o setor e reduzir perdas elétricas que, hoje, se traduzem em desperdício da preciosa água dos reservatórios. Entre as sugestões, está a volta do horário de verão, o qual, segundo os autores, se acompanhado de campanha para a redução do consumo, pode resultar em economia da ordem de 5% do consumo total, suficiente nesse momento para manter o risco de apagões na faixa (histórica) abaixo de 5%.

Em tempo: O governo pediu estudos sobre a economia de energia que a volta do horário de verão traria. Uma das primeiras medidas tomadas por Bolsonaro quando tomou posse, foi acabar com o horário de verão dizendo que não servia para nada. Na situação atual, além de economizar um pouco de água aproveitando um pouco mais da luz do dia, ele desloca uma parte da ponta. O maior risco elétrico, no momento, é não ter água suficiente nos reservatórios para suprir o pico diário de consumo, obrigando o sistema a ter que desligar partes da carga. Mais uma meia-volta do presidente foi comentada n’O Globo, Folha e Metrópoles.

 

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ClimaInfo, 17 de setembro de 2021.

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