A partir de agora, um racionamento deixa de fazer sentido

crise hídrica

Para um racionamento começar a fazer efeito, há que se haver um plano bem feito e, principalmente, a população e demais consumidores entenderem direito o que se passará. Edvaldo Santana, ex-diretor da ANEEL, conversou com Mariana Schreiber, da BBC, e explicou que isso leva no mínimo 60 dias e que, “como a temporada seca está terminando, não faz mais sentido fazer [um racionamento]. Agora é esperar o que vai acontecer”. A matéria falou com outros especialistas que apontaram que é grande o risco de “apaguinhos”, cortes localizados por períodos curtos. Com o aumento da temperatura durante a tarde, o acionamento dos sistemas de ar puxam a demanda elétrica para cima, podendo ultrapassar o limite que o sistema aguenta. Com todas as térmicas ligadas, a potência efetiva baixa das hidrelétricas e linhas de transmissão entre o Sudeste e as demais regiões operando em limite máximo, a queda em partes do sistema fica cada vez mais provável. O UOL reproduziu a matéria.

Para a CNN, Nivalde Castro, da UFRJ, acha que o risco de apagão geral ou de racionamento é baixo, principalmente porque mais térmicas devem começar a operar. Para o Metropoles, Luiz Barroso, da PSR, e Luiz Barata, ex-diretor do ONS, criticaram a comunicação falha do governo em relação à gravidade da crise. “É difícil sensibilizar a população para fazer redução voluntária sem explicações detalhadas”, avaliou Barata. Também para a CNN, Paulo Feldmann, ex-presidente da Eletropaulo, acredita que haverá apagões pelo país e que isso trará impactos sérios para a economia nacional no ano que vem.

Em perfeita sintonia com a lentidão do governo federal, o Senado finalmente se atentou para a gravidade da situação e criou uma comissão para fiscalizar o governo. Pelas declarações, os senadores pretendem descobrir a gravidade das falhas de gestão por parte do governo, o que pode criar problemas para o presidente. Vale conferir as matérias do Jota e do Poder 360.

Enquanto isso, o MME deu mais um passo para plantar mais usinas nucleares no país. Ontem, em Viena, o presidente da Eletronuclear assinou um memorando de entendimento com a russa Rosatom. A notícia saiu n’O Globo e informa que pode haver um interesse dos russos em terminar as obras de Angra 3. Usinas nucleares demoram quase 10 anos entre projeto e construção. Um acordo destes só não é irrelevante para as crises hídricas porque podem desviar recursos preciosos de fontes bem mais limpas de eletricidade.

Outra notícia na contramão da crise hídrica foi o anúncio de que a produção de petróleo do país deve continuar aumentando e, já no ano que vem, passar a marca dos 3 bilhões de barris por dia. A notícia é do Poder 360. Vale lembrar que queimar fósseis aumenta o aquecimento global que é  uma das causas da atual seca.

 

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ClimaInfo, 21 de setembro de 2021.

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