Bolsonaro falou de energia e perdeu mais uma chance de ficar calado

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Ontem na ONU, o presidente Bolsonaro disse que nossa matriz de energia é 83% renovável. Quem preparou o discurso confundiu energia com eletricidade. Segundo o Balanço Energético Nacional, nossa matriz energética é 51% fóssil e nuclear. As hidrelétricas respondem por menos de 13%. Mesmo a participação das renováveis na geração elétrica já ficou para trás por conta da crise hídrica e o governo ter mandado ligar todas as térmicas. Em julho, segundo o MCTI, as emissões de gases de efeito estufa por unidade de energia gerada foi recorde histórico desde que esse fator de emissão começou a ser monitorado em 2006.

Enquanto isso, o Datafolha publicou uma pesquisa mostrando que quase ⅔ da população acham que o governo é, no mínimo, um pouco responsável pela crise hídrica. Para 27% da população, ele é muito responsável. Quase metade da população se considera bem informada sobre a crise enquanto 7% ainda não tomou conhecimento.

O nível dos reservatórios continua baixando. Os reservatórios das usinas do Sudeste/Centro-Oeste estavam com 17,8% da sua capacidade.

Por falar em pesquisa, outra do Datafolha viu que mais da metade da população quer a volta do horário de verão: exatos 55% contra 38% que são contra. A Folha e o Metropoles comentaram esta pesquisa.

Uma matéria da Folha da semana passada diz que o ministério de minas e energia acha que o horário de verão teria um impacto pequeno e que não valeria o transtorno. Em todo caso, o ministro pediu para atualizar as estimativas de redução de consumo.

Em tempo: Há previsões um pouco conflitantes sobre se vai ou não chover até o final do ano. Para o Metropoles, Eduardo Menezes consultou dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), da NOAA (Administração Americana de Oceanografia e Meteorologia) e do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil) para dizer que teremos chuvas abaixo da média e temperaturas acima da média. Já Celso Oliveira, da Climatempo, falou ao Valor sobre os plantios das novas safras e que “no fim desta semana já teremos chuvas mais frequentes e, no mais tardar na segunda semana de outubro, teremos precipitações acima da média. Na terceira semana do mês que vem, os volumes deverão aumentar ainda mais.” Talvez os dois estejam falando de lugares diferentes do país.

 

ClimaInfo, 22 de setembro de 2021.

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