Taxar carbono da importação: uma 3ª via de precificação de carbono?

precificação de carbono

Taxar o conteúdo de carbono de produtos importados serve, em primeira instância, para manter a competitividade de uma produção interna sujeita a regulação climática. O que aconteceria se as três grandes potências mundiais; China, EUA e UE formassem um clube com barreiras como uma taxação sobre a importação?

A discussão sobre precificar as emissões cai, em geral, em duas opções: um mercado de carbono tipo cap and trade ou um imposto direto sobre as emissões. Um clube destes poderia ser uma terceira opção?

A ideia é discutida em um trabalho publicado pela Nature em março deste ano e se baseou em um artigo de William Nordhaus, prêmio Nobel de economia, um dos primeiros a incluir a mudança do clima na modelagem macroeconômica. Juntos, EUA, UE e China respondem por 61% do produto bruto global e por 43% das importações. Alinhando métricas de conteúdo de carbono e equalizando o preço deste, o clube forçaria o resto do mundo a seguir o mesmo caminho sob o risco de perder muito bons clientes.

José Eli da Veiga, no Valor, comenta o trabalho e diz que modelos são apenas modelos, podendo o mundo real ser bem diferente. A chance do trio se acertar neste momento parece um tanto remota, dado que os EUA ressuscitaram um acordo estratégico com Austrália, Índia e Japão para manter a zona Indo-Pacífica livre e aberta. E fecharam um acordo com o Reino Unido para um programa de submarinos nucleares para a Austrália. Além da intenção de pressionar a China, sacrificaram uma boa relação com a França e, possivelmente, o alinhamento automático com a União Europeia.

Assim, a terceira via deve permanecer nos suspiros da Academia de economistas enquanto não conversarem com os colegas da Ciência Política.

 

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ClimaInfo, 27 de setembro de 2021.

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