O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou nesta 2ª feira (4/10) que a geração de eletricidade nos países britânicos será totalmente realizada por fontes renováveis a partir de 2035. Para o premiê, a transição para energias limpas ajudará o Reino Unido a se descarbonizar, ao mesmo tempo em que reduzirá o risco de novas crises energéticas como a vivida nas últimas semanas.
O Financial Times destacou a dúvida de especialistas sobre a viabilidade dessa meta ser atingida em apenas 14 anos. Além de investimentos extra em geração renovável, os britânicos enfrentarão problemas tecnológicos que podem atrasar esse cronograma, especialmente na parte de captura e armazenamento de carbono. Associated Press, Guardian, Reuters e Times também abordaram o anúncio de Johnson, que também celebrou um feito histórico dos britânicos no ano passado: por mais de 100 dias, a rede elétrica do Reino Unido não precisou acionar usinas termelétricas a carvão, tendo toda a sua demanda elétrica atendida por geração eólica. Em 2020, as fontes renováveis de energia representaram 43% da geração elétrica britânica, outra marca histórica.
Sobre a COP26, que começará no próximo dia 31, em Glasgow, a novidade do dia foi uma declaração ecumêmica assinada pelo Papa Francisco e por outras lideranças religiosas pedindo aos governos do mundo soluções concretas para salvar o planeta de uma “crise ecológica sem precedentes”. A declaração foi feita depois de um encontro no Vaticano com a participação do Arcebispo da Igreja Anglicana, Justin Welby, o Patriarca Ecumênico Ortodoxo, Bartolomeu, além de representantes dos Islã, Judaísmo, Hinduísmo, Sikhismo, Budismo, Confucionismo, Taoísmo, Zoroastrismo e Jainismo. “Agora é a hora de uma ação urgente, radical e responsável. Transformar a situação atual exige que a comunidade internacional atue com mais ambição e justiça, em todos os aspectos de suas políticas e estratégias”, diz o comunicado. Associated Press e Reuters repercutiram a declaração.
Em tempo: A AFP fez um balanço das expectativas e do ambiente nas semanas que antecedem a Conferência de Glasgow. A situação não é exatamente reconfortante: questões geopolíticas e divisões entre países ricos e pobres seguem como obstáculos significativos no caminho dos negociadores na COP26. A falta de ambição dos compromissos nacionais sob o Acordo de Paris também preocupa, especialmente à luz do relatório recente do IPCC sobre o estado da crise climática e a janela cada vez mais estreita para se limitar o aquecimento em 1,5°C neste século.
ClimaInfo, 5 de outubro de 2021.
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