Intensificação de tempestades de poeira é mais um alerta para a crise climática no Brasil

tempestade de poeira habboo

As nuvens de poeira que cobriram o céu no interior de São Paulo e em outros estados são mais um alerta dos impactos da crise climática no Brasil, especialmente com a intensificação de eventos extremos. No Estadão, Priscila Mengue conversou com especialistas e destacou a relação entre a forte seca que atinge boa parte do Centro-Oeste e do Sudeste do país com o aumento do desmatamento na Amazônia.

“Se a floresta amazônica continuar sofrendo, [o padrão das chuvas] vai ficar cada vez mais irregular, e a tendência é ficar mais seco”, explicou Marco Pereira, da USP de Ribeirão Preto. Ele também lembra a situação específica do norte paulista, onde as queimadas são comuns e a falta de chuva deixa o solo seco e coberto de fuligem, que acaba sendo “soprada” pelos ventos mais fortes, formando os haboob, ou nuvens de poeira.

O Estadão também abordou o impacto desse fenômeno na saúde de crianças e de pessoas com problemas respiratórios. “Ela [poeira] afeta muito a parte respiratória, não só durante a tempestade, mas também pelas partículas que ficam na atmosfera por alguns dias”, explicou Rafael Futoshi Mizutani, do InCor/HC.

Enquanto isso, as cidades afetadas pela tempestade do último sábado seguem contabilizando os prejuízos. Pelo menos cinco pessoas morreram no estado de São Paulo por conta dos ventos fortes e da nuvem de poeira. Muitas casas, escritórios e galpões ficaram destelhados, além de árvores derrubadas em vias públicas.

Em tempo: Claudio Angelo e Tasso Azevedo, do Observatório do Clima, percorreram a BR-163 para ver com os próprios olhos o impacto do agronegócio e da grilagem sobre a floresta amazônica no oeste do Pará. Onde antes a vegetação nativa se impunha, agora há pasto, gado e soja. Na floresta adentro, mais escondidos, vê-se também os sinais do garimpo, com clareiras abertas e grandes poças de lama. Vale a pena conferir os vídeos dessa expedição, publicados no Instagram do OC.

 

ClimaInfo, 6 de outubro de 2021.

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