IEA: sem ações adicionais, mundo não atingirá neutralidade do carbono até 2050

13 de outubro de 2021

As promessas recentes de neutralidade das emissões de carbono até 2050 podem ficar nisso mesmo – promessas. De acordo com uma análise da Agência Internacional de Energia (IEA), se os compromissos de mitigação anunciados pelos países até agora saírem do papel, a demanda global por combustíveis fósseis terá pico em 2025 e as emissões globais serão reduzidas em apenas 40% em 30 anos.

Este corte é substancial, mas muito aquém do net-zero defendido pelo Acordo de Paris para viabilizar o limite de 1,5°C do aquecimento global neste século em relação aos níveis pré-industriais. Como destacou o Observatório do Clima, “para que a humanidade tenha alguma chance de cumprir a meta do 1,5°C, o investimento em renováveis, eficiência energética e infraestrutura limpa precisará ser escalado, e a um ritmo alucinante: do atual US$ 1 trilhão para US$ 3,3 trilhões em 2030.”

“O momento mundialmente encorajador para a energia limpa está se chocando com a persistência dos combustíveis fósseis em nossos sistemas de energia”, observou Fatih Birol, diretor-executivo da IEA. “Os governos precisam resolver isso na COP26, dando um sinal claro e inequívoco de que estão empenhados em expandir rapidamente as tecnologias limpas e resilientes do futuro”.

O World Energy Outlook 2021 da IEA destacou também que os investimentos extras necessários para viabilizar o net-zero são menos onerosos do que o que se estimava até agora. Mais de 40% das reduções de emissão viriam de medidas que se pagam por si mesmas, como maior eficiência energética, redução dos vazamentos de gás na exploração de petróleo, e a instalação de geradores eólicos e solares nos locais onde essas tecnologias já são mais competitivas.

Além disso, o documento também ressaltou as oportunidades que a expansão da geração eólica e solar pode oferecer. Em particular, a criação de um mercado para turbinas eólicas, painéis solares, baterias de íon-lítio, eletrolisadores e células de combustível pode movimentar mais de US$ 1 trilhão por ano até 2050, comparável em tamanho ao mercado atual do petróleo.

O Globo, RFI e UOL repercutiram o alerta da IEA. No exterior, o assunto foi destaque em veículos como Associated Press, Bloomberg, Climate Home, Financial Times, Guardian, NY Times e Reuters. O Carbon Brief também fez uma análise especial desse relatório.

 

ClimaInfo, 14 de outubro de 2021.

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