IEA: sem ações adicionais, mundo não atingirá neutralidade do carbono até 2050

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As promessas recentes de neutralidade das emissões de carbono até 2050 podem ficar nisso mesmo – promessas. De acordo com uma análise da Agência Internacional de Energia (IEA), se os compromissos de mitigação anunciados pelos países até agora saírem do papel, a demanda global por combustíveis fósseis terá pico em 2025 e as emissões globais serão reduzidas em apenas 40% em 30 anos.

Este corte é substancial, mas muito aquém do net-zero defendido pelo Acordo de Paris para viabilizar o limite de 1,5°C do aquecimento global neste século em relação aos níveis pré-industriais. Como destacou o Observatório do Clima, “para que a humanidade tenha alguma chance de cumprir a meta do 1,5°C, o investimento em renováveis, eficiência energética e infraestrutura limpa precisará ser escalado, e a um ritmo alucinante: do atual US$ 1 trilhão para US$ 3,3 trilhões em 2030.”

“O momento mundialmente encorajador para a energia limpa está se chocando com a persistência dos combustíveis fósseis em nossos sistemas de energia”, observou Fatih Birol, diretor-executivo da IEA. “Os governos precisam resolver isso na COP26, dando um sinal claro e inequívoco de que estão empenhados em expandir rapidamente as tecnologias limpas e resilientes do futuro”.

O World Energy Outlook 2021 da IEA destacou também que os investimentos extras necessários para viabilizar o net-zero são menos onerosos do que o que se estimava até agora. Mais de 40% das reduções de emissão viriam de medidas que se pagam por si mesmas, como maior eficiência energética, redução dos vazamentos de gás na exploração de petróleo, e a instalação de geradores eólicos e solares nos locais onde essas tecnologias já são mais competitivas.

Além disso, o documento também ressaltou as oportunidades que a expansão da geração eólica e solar pode oferecer. Em particular, a criação de um mercado para turbinas eólicas, painéis solares, baterias de íon-lítio, eletrolisadores e células de combustível pode movimentar mais de US$ 1 trilhão por ano até 2050, comparável em tamanho ao mercado atual do petróleo.

O Globo, RFI e UOL repercutiram o alerta da IEA. No exterior, o assunto foi destaque em veículos como Associated Press, Bloomberg, Climate Home, Financial Times, Guardian, NY Times e Reuters. O Carbon Brief também fez uma análise especial desse relatório.

 

ClimaInfo, 14 de outubro de 2021.

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