Amazônia: o papel dos ribeirinhos na sua preservação e o impacto climático sobre as hidrelétricas

Amazônia hidrelétricas

Este mês, saíram dois trabalhos interessantes sobre a Amazônia.

Na PNAS (Proceedings of the National Academy of Science), pesquisadores divulgaram os resultados de uma pesquisa feita com cerca de 100 comunidades ribeirinhas ao longo do Rio Juruá, na margem esquerda do Solimões.

As situadas em Unidades de Conservação têm, segundo João Campos-Silva, “melhor acesso à saúde, educação, eletricidade, saneamento básico e comunicação” e, assim, apenas 5% dos entrevistados disseram que gostariam de mudar para as grandes cidades. Os sistemas de cogestão nas UCs, implantados com o apoio de empresas, universidades, ONGs e associações locais ajudam, segundo Priscila Lopes, a “consolidar resultados positivos do engajamento em sustentabilidade”. O EcoDebate comentou.

O outro trabalho saiu na Global Environmental Change e, se referindo à toda a bacia amazônica, analisou o impacto que as mudanças nas chuvas terá sobre a geração hidrelétrica na região. Foram analisados mais de 350 propostas de projetos de aproveitamento hidrelétrico na pan-Amazônia. Como de costume, esses projetos foram baseados nos históricos das hidrologias dos rios, algo que a mudança climática já está alterando. Até o meio do século, segundo o trabalho, as vazões dos rios mais a leste deverão ficar entre 13 e 20%.

Mesmo na parte mais a oeste, onde espera-se que haja mais chuvas, a vazão média sofre uma ligeira queda. Ocorre que a maioria destes aproveitamentos estão projetados para ser a fio d’água. Para este tipo de usina, tanto alterações na vazão quanto na distribuição das chuvas afeta seu potencial de geração. Chuvas repentinas mais fortes podem fazer a vazão exceder a capacidade de usinas, forçando-as a verter água sem aproveitá-la. O trabalho analisa, ainda, o impacto econômico para concluir que, para 25% dos aproveitamentos, o custo nivelado da energia (lcoe – levelized cost of energy) pode dobrar em relação aos valores originalmente projetados. O Science Daily traz um resumo do trabalho.

 

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ClimaInfo, 18 de outubro de 2021.

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