Rumo à COP26: Reino Unido quer plano para zerar desmatamento global até 2030

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Anfitrião da próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP26), o Reino Unido está articulando um possível acordo global para deter e reverter a perda e degradação florestal nesta década. Segundo o Guardian, o principal ponto da proposta é viabilizar o fim do desmatamento em todo o mundo até 2030, em linha com as ações recomendadas pela ciência para a contenção da mudança do clima e limite do aquecimento do planeta em 1,5oC até o final do século em relação aos níveis pré-industriais.

Os países produtores de commodities agropecuárias associadas ao desmatamento, como soja, carne bovina e óleo de palma, são os principais alvos da proposta. Além do fim do desmatamento, a COP26 quer avançar também com projetos de financiamento para conservação florestal em áreas-chave do globo, como a Amazônia e as florestas tropicais do Congo e da Indonésia.

Por outro lado, muitos dos países exportadores (como o Brasil), além de importadores dessas commodities (como a China), ainda seguem reticentes ao tema e podem representar um obstáculo para os planos do Reino Unido.

Outra preocupação dos anfitriões britânicos na COP26 é a participação de lideranças internacionais no segmento de alto nível da Conferência. Por um lado, o governo de Boris Johnson conseguiu confirmar a presença do presidente dos EUA, Joe Biden, e a do primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, que se juntarão a personalidades como o presidente francês Emmanuel Macron, o premiê canadense Justin Trudeau, além da rainha Elizabeth II. Por outro lado, nomes importantes do G20, como o chinês Xi Jinping, o indiano Narendra Modi e o brasileiro Jair Bolsonaro, estão fora da lista de líderes internacionais em Glasgow. O Guardian destacou a movimentação britânica para engrossar o rol de participantes da COP26. A Reuters também atualizou a lista de confirmados.

Ainda sobre a participação na COP, Elizabeth II foi flagrada criticando a hipocrisia e a falta de ação de líderes internacionais contra a crise climática. Em um comentário captado por um microfone durante a abertura da nova sessão legislativa do Parlamento de Gales, a rainha disse estar “acompanhando tudo sobre a COP” e reclamou que “é realmente irritante quando [os líderes] falam, mas não agem”. Associated Press e g1 deram mais detalhes.

O neto da rainha, o príncipe William, também não se furtou a mostrar sua frustração com o fracasso político internacional na luta contra a mudança do clima. Em entrevista à BBC, o segundo na linha sucessória do trono de Elizabeth II disse que os grandes cérebros e mentes do mundo deveriam estar “tentando consertar este planeta, e não tentando encontrar o próximo lugar para ir e viver” – em uma indireta certeira à nova corrida espacial promovida por bilionários de tecnologia como Elon Musk, Jeff Bezos e Richard Branson.

Em tempo: As discussões sobre clima no G20 seguem em compasso de espera. De acordo com a Bloomberg, as discussões preliminares encabeçadas por ministros das 20 maiores economias do mundo não conseguiram viabilizar um entendimento desses países em torno de metas e ações adicionais para combater a mudança do clima, como a redução dos subsídios aos combustíveis fósseis e a contenção das emissões de metano nesta década. Qualquer avanço possível nesse sentido estará a cargo dos chefes de governo que irão a Roma no final deste mês para a cúpula do G20.

 

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ClimaInfo, 18 de outubro de 2021.

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