Um grupo da Chatham House fez uma pesquisa com cerca de 200 cientistas climáticos para levantar os maiores riscos trazidos pela mudança climática e, destes, os mais prementes.
A maior preocupação é com a segurança alimentar e suas cadeias de suprimentos, por conta de impactos em países e regiões mais vulneráveis que atingem as populações próximas e que podem se refletir no mundo todo. Em segundo lugar vêm as migrações forçadas, tanto entre regiões como entre países. Elas começariam no leste da África, no Sul e Sudeste da Ásia, no Caribe e na América Central.
Os impactos listados sobre a cadeia alimentar foram os extremos de calor, seca, inundações, tempestades e quebras de safras dos principais grãos. Ciclones e tufões no Oceano Índico e no sul do Pacífico ocidental podem causar tanto migrações em escala quanto disrupções na segurança alimentar e suas cadeias. A preocupação com secas se concentra no leste da África.
A Climate Scorecard lançou uma série de 18 matérias sobre eventos climáticos ao redor do mundo. A série começou no final de setembro falando da seca e de inundações no Brasil. Da Ásia, há matérias sobre China, Japão e Índia e Coreia do Sul. Deste lado do Atlântico, fala-se sobre Canadá, México e EUA. Há uma matéria sobre a Europa como um todo e várias sobre países específicos. A Árabia Saudita é o único país do Oriente Médio e a Nigéria, o único africano.
Meteorologistas da NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional norte-americana) confirmaram que um novo La Niña poderá ser sentido a partir dos próximos dias e pode durar até o final do verão. Isso significa menos chuvas em quase todo o interior do país, do Sul até o Rio Amazonas. A parte norte da Amazônia e o Nordeste verão chuvas acima da média. Vale ver a matéria da BBC explicando o fenômeno e seus impactos. O The Guardian destacou os impactos do La Niña sobre o ressequido sudoeste dos EUA. Antes que chegue com força, a previsão para o norte da Califórnia é de muita chuva, encerrando, segundo a Bloomberg, uma das estações de incêndio mais destrutivas dos últimos tempos. O Wall Street Journal comentou a seca no estado, dizendo que foi a mais forte dos últimos 97 anos.
A AP registrou que a província indiana de Uttar Pradesh, no norte do país, registrou muita chuva nos últimos dias que fizeram o rio Ganges e seus afluentes da região transbordarem, provocando a morte de pelo menos 22 pessoas. Isso acontece depois das recentes chuvas no sul do país matarem outras 28 pessoas.
Em tempo: Tom Pettinger, da universidade inglesa de Warwick, escreveu um artigo interessante na Conversation sobre a indiferença de boa parte da sociedade rica em relação à mudança climática. Diz Pettinger que, ao contrário de populações como a de Bangladesh, a água ainda não molhou os pés da maioria dos que respondem por boa parte das emissões globais. Ele acha que enquanto isso não acontecer, seus estilos de vida seguirão sendo o business as usual.
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ClimaInfo, 20 de outubro de 2021.
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