Rumo à COP26: o mundo entre a cooperação e a extinção

19 de outubro de 2021

Especialistas e observadores das negociações climáticas concordam com poucas coisas nas semanas que antecedem a abertura da COP26, programada para o próximo dia 31 em Glasgow. Mas uma palavra se destaca nas diferentes manifestações na véspera do encontro: desconforto.

As disputas geopolíticas entre EUA e China, os problemas de organização, o fracasso dos países ricos em cumprir a promessa de financiamento de US$ 100 bilhões anuais para os países pobres, a falta de ambição das metas climáticas nacionais… tudo é motivo de desconforto para quem está realmente preocupado com o futuro do clima na Terra.

No Financial Times, Martin Wolf sintetiza este desconforto generalizado. A ciência climática, por meio do relatório recente do IPCC, mostrou que o mundo caminha para um cenário climático com potencial desastroso para bilhões de pessoas até o final deste século.

Por si só, isso deveria engajar líderes internacionais e os negociadores em torno de medidas efetivas e imediatas para conter as emissões de gases de efeito estufa ainda nesta década, para manter viva a meta de aquecimento de 1,5oC prevista pelo Acordo de Paris. No entanto, os governos ainda parecem presos à ilusão de que a crise climática é um problema do futuro, e não do presente – a despeito dos desastres climáticos que se acumulam nos últimos meses em todo o mundo.

Nem mesmo os governos que parecem um pouco mais preocupados com a questão climática estão isentos dessa crítica. No caso dos EUA, os planos ambiciosos apresentados por Joe Biden estão em perigo no Congresso, com a oposição de um ex-colega do presidente do Partido Democrata no Senado, que ameaça vetar qualquer iniciativa do governo nesse sentido.

Entre outros grandes emissores de carbono, a situação é igualmente complicada, como destacou o ex-ministro britânico Vince Cable no Independent. A China está às voltas com disputas geopolíticas com os EUA e problemas domésticos como a falta de energia elétrica, que impulsionou a queima de carvão nos últimos meses. Já a Índia, parceira dos chineses no grupo BASIC, se finge de morta quando o assunto é neutralidade do carbono até 2050. A Rússia, por sua vez, está mais interessada em brincar de morde-e-assopra com os europeus no fornecimento de gás para avançar com interesses econômicos da indústria fóssil e geopolíticos do Kremlin. Sem falar no Brasil, que se transformou numa confusão política ambulante sob Bolsonaro.

Em suma, no que diz respeito à COP26, não faltam motivos para preocupação.

 

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ClimaInfo, 20 de outubro de 2021.

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