Racionamento elétrico pode reduzir crescimento da economia a quase zero em 2022

20 de outubro de 2021

O PIB segue sendo um dos principais indicadores econômicos, mesmo quando aumenta por conta de crises. A conta de luz subiu mas, como o consumo caiu menos, o resultado é um fluxo maior de dinheiro e é isso que o PIB mede. Mais, a eletricidade também pesa no preço de quase tudo e, se a demanda cai menos, o PIB aumenta de novo.

Miriam Leitão, n’O Globo comenta as projeções da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado que aumentou sua previsão de crescimento este ano de 4,2% para 4,9%. Ela explica que o setor de serviços pós-pandemia está se recuperando bem. No entanto, há a perspectiva de que o Copom aumente a taxa de juros para esfriar a inflação. Junte mais as ameaças de um racionamento elétrico e o estouro no teto dos gastos do governo e, neste cenário, a IFI prevê que o PIB 2022 será zero-vírgula-nada por cento maior do que o deste ano.

O almirante-ministro Bento disse ontem que não há como atender a ordem do presidente e remover a bandeira de Escassez Hídrica das contas de luz. As térmicas seguirão à toda pelo menos até abril, e as bandeiras seguirão sendo indispensáveis para cobrir a conta extra. O  Correio Braziliense e o R7 deram a notícia.

Por seu lado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse ao Valor que está preocupado com o impacto inflacionário da mudança do clima. Ele citou secas, inundações, ondas de calor e geadas que afetaram os preços de alimentos e eletricidade. “Esse, contudo, não é um problema de caráter local, mas mundial. No longo prazo, esses choques podem ter efeitos duradouros na economia, afetando a produtividade, o crescimento econômico e a taxa de juros neutra”.

O Valor publicou a tradução de um artigo do Wall Street Journal esmiuçando a crise energética na China, Índia e na Europa, que os autores resumem como resultado da queda no investimento em fósseis ao mesmo tempo em que a transição para as renováveis ainda não aconteceu. A este respeito, Hélio Beltrão, do ultraliberal Instituto Mises, escreveu na Folha dizendo que esta transição implica em um aumento nos preços de produtos intensivos em emissões, citando o exemplo do aço, e que só os ricos teriam condições de pagar. Assim, ele se mostra preocupado com os mais pobres que não terão como enfrentar a situação. Estranhamente, Beltrão advoga pela energia nuclear como solução, omitindo o fato desta ser de longe a mais cara das fontes de energia. Ele faz uma provocação estranha ao associar a rejeição ao nuclear aos “ESGistas”.

Em tempo: A Reuters publicou matéria sobre a situação de Itaipu: a seca e a intenção de reter o máximo de água possível nos reservatórios baixaram a vazão do Rio Paraná, o que fez a usina passar a gerar a menor quantidade de eletricidade desde 2005, quando as 2 últimas unidades geradoras entraram em operação.

 

ClimaInfo, 21 de outubro de 2021.

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