Um dos maiores produtores mundiais de petróleo, a Arábia Saudita formalizou no último sábado seu objetivo de atingir a neutralidade líquida de suas emissões de gases de efeito estufa até 2060. O anúncio foi feito pelo príncipe herdeiro do trono de Riad, Mohammed bin Salman, que também prometeu o plantio de 450 milhões de árvores e a recuperação de terras degradadas como medidas que vão neste sentido.
Por outro lado, o governo saudita não explicou como pretende viabilizar a meta. Isso é um ponto ainda mais importante nesse caso em específico, já que a economia do país depende fundamentalmente da exploração e exportação de petróleo. Somente em 2021, a expectativa é de que a Arábia Saudita fature US$ 150 bilhões em receitas com o petróleo. O reino saudita tem cerca de 17% das reservas mundiais conhecidas de petróleo e atende a 10% da demanda mundial pelo combustível fóssil.
Pelo tom das autoridades sauditas, o abandono da economia petroleira não passa pelas suas cabeças no esforço contra a crise climática. De acordo com o ministro de energia, Abdulaziz bin Salman, a Arábia Saudita quer uma abordagem “holística e tecnológica” para reduzir suas emissões, sem abandonar necessariamente a produção de combustíveis fósseis.
Considerando que a ciência já deixou claro que o grosso das reservas atuais de petróleo precisará ficar debaixo do solo para se evitar um aquecimento desastroso do planeta, a proposição do governo saudita passa longe de qualquer resposta efetiva para a contenção da mudança do clima.
BBC, Bloomberg, CNN Brasil, Financial Times, Guardian, Reuters, Wall Street Journal e Washington Post, entre outros, repercutiram essa notícia.
ClimaInfo, 25 de outubro de 2021.
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