Correndo contra o tempo para “se esverdear”, o governo aposta em uma presença maciça na COP26 para reverter a antipatia internacional com a política ambiental do país. De acordo com Ana Rosa Alves, n’O Globo, o país levará a 2ª maior delegação oficial para Glasgow, atrás apenas dos EUA. Na lista, junto com o ministro Joaquim Pereira Leite, chefe da delegação, estão outros colegas dele, como Bento Albuquerque (minas e energia) e Fábio Faria (comunicações), além do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O embaixador Paulino Franco de Carvalho Neto, secretário de assuntos de soberania nacional e cidadania do Itamaraty, será o negociador-chefe do Brasil em Glasgow.
Bolsonaro não pretende acompanhar a delegação brasileira na COP, mesmo indo à Itália para a cúpula do G20 no final desta semana. Segundo o embaixador britânico no Brasil, Peter Wilson, a questão da vacina é um dos pontos que distancia Bolsonaro de Glasgow. O brasileiro insiste em não se vacinar contra COVID-19, o que poderia representar um problema para os organizadores da COP26.
Também não farão parte da delegação brasileira em Glasgow outros nomes importantes do governo, como o chanceler Carlos França e a ministra da agricultura, Tereza Cristina. “Para ouvir crítica, ninguém viaja”, comentaram Gustavo Maia e Robson Bonin na VEJA. Poder360 e Yahoo! Notícias também repercutiram essa informação.
Com ou sem Bolsonaro, os argumentos do Brasil em Glasgow já estão claros: os negociadores defenderão um acordo em torno da implementação do Artigo 6 do Acordo de Paris, que regulamenta o uso de instrumentos de mercado para mitigação, e avanços no financiamento climático. O problema é que a fixação do governo brasileiro com o mercado de carbono pode resultar em um fracasso retumbante, especialmente se o país continuar sendo irresponsável na questão do desmatamento. “O nosso calcanhar de Aquiles é o desmatamento ilegal, que não gera renda para ninguém, só incentivos para a criminalidade”, criticou o economista Ronaldo Seroa da Motta (UERJ) ao Valor. “Se não levarmos a sério a proteção da biodiversidade, não adianta ter mercado de carbono nenhum”.
ClimaInfo, 26 de outubro de 2021.
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