A “estratégia” de Bolsonaro na COP26

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Jair Bolsonaro confirmou nesta 4ª feira (27/10) que não participará do encontro de chefes de governo na abertura da Conferência do Clima de Glasgow (COP26). De acordo com o presidente, isso seria parte de uma “estratégia” do governo para as negociações – o que, se considerarmos a impopularidade e o isolamento político dele no exterior, faz certo sentido. A delegação brasileira será encabeçada pelo ministro do meio ambiente, Joaquim Pereira Leite, com o embaixador Paulino de Carvalho Neto como negociador-chefe. CNN Brasil e Correio Braziliense deram mais detalhes.

No lugar da COP, de acordo com Jamil Chade no UOL, Bolsonaro tirará um tempinho extra em sua agenda pós-G20 na Itália para fazer “turismo familiar”, visitando a cidade de seus antepassados no norte do país. Não está previsto qualquer encontro bilateral do presidente brasileiro com outro líder do G20. Em compensação, Bolsonaro será recepcionado com protestos de defensores dos Direitos Humanos e ativistas climáticos, contrários às políticas do governo brasileiro nesses temas.

Enquanto isso, o embaixador Carvalho Neto conversou com o Valor e pediu o “benefício da dúvida” ao governo brasileiro nas conversas em Glasgow. “Queremos passar uma mensagem de olhar prospectivamente”, disse o diplomata, sem explicar exatamente o que isso realmente significa. Carvalho Neto também prometeu uma postura mais construtiva e flexível dos negociadores brasileiros na COP, com o objetivo de facilitar entendimentos – de novo, sem entregar totalmente o jogo do Brasil na Conferência.

Em tempo 1: Com a chegada da COP, vale a pena ouvir as análises iniciais feitas por podcasts na CNN Brasil, O Globo e RFI. Elas traçaram um panorama das negociações da próxima semana e como o Brasil chega em Glasgow em termos políticos e diplomáticos.

Em tempo 2: Um dos principais adversários políticos de Bolsonaro na disputa presidencial de 2022, o governador João Doria (SP) quer aproveitar a COP26 como mais uma oportunidade para mostrar liderança e proatividade no tema ambiental face à irritação internacional com o atual governo. Na Folha, Igor Gielow destacou o envolvimento e a participação do governo paulista nas conversas de Glasgow, além de iniciativas como o fundo de R$ 100 milhões para pesquisas científicas sobre a Amazônia, sob gestão da FAPESP.

 

ClimaInfo, 29 de outubro de 2021.

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