O governo do Reino Unido vinha articulando um possível acordo internacional para agilizar o abandono do uso de carvão para geração elétrica nesta década como um dos principais resultados da COP26. No entanto, a oposição estridente de países como China e Índia enterrou essa perspectiva: de acordo com a Bloomberg, os britânicos desistiram da proposta. “Ainda não temos os compromissos de que precisamos”, reconheceu Barbara Woodward, embaixadora do Reino Unido na ONU.
Falando em rejeições, o governo australiano está resistindo à pressão de Estados Unidos e União Europeia para aderir a um acordo internacional para redução de pelo menos 30% das emissões de metano até 2030. Segundo a Bloomberg, a justificativa da Austrália é que essa meta prejudicará a indústria de petróleo e gás do país, com perdas econômicas.
A postura de países emergentes também causa preocupação nessa véspera de COP. A Associated Press abordou a posição da Índia em rejeitar qualquer compromisso de neutralidade climática até 2050, como vem sendo defendido por muitos países nos últimos tempos. Para o governo indiano, novas metas climáticas não resolverão o problema, mas sim a implementação dos compromissos atuais por parte dos países – o que, em termos científicos, não faz o menor sentido, já que esses compromissos atuais são insuficientes para resolver o problema climático. A Reuters também abordou essa questão.
Ainda sobre as conversas diplomáticas na COP26, Daniela Chiaretti destacou no Valor um esboço de declaração sobre florestas e uso da terra feito pelo Reino Unido para assinatura dos chefes de governo em Glasgow. Pelo texto, os países signatários se comprometerão à conservação de florestas e ecossistemas, promoção do desenvolvimento sustentável e transformação rural inclusiva. Alguns países megadiversos, como Indonésia e Congo, apoiam a iniciativa, mas o Brasil ainda não figura entre os possíveis signatários da declaração.
Em tempo: Os anfitriões britânicos ainda apostam em algum acordo mais ambicioso como resultado da Conferência de Glasgow. A aposta mais recente, de acordo com o Climate Home, é um compromisso dos países para atualizar ou apresentar uma nova NDC até 2023, antes do primeiro período de revisão periódica sob o Acordo de Paris. Segundo o texto do tratado, os países devem submeter novas NDCs a cada cinco anos, contando a partir de 2020; ou seja, pelo cronograma atual, os novos compromissos deverão ser apresentados apenas em 2025. No entanto, segundo a reportagem, os países emergentes estão reticentes à proposta e desejam garantir mais apoio das nações ricas para implementar os compromissos atuais antes de sentar na mesa para definir novas metas.
ClimaInfo, 29 de outubro de 2021.
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