As ameaças de hidrelétricas e linhões na Amazônia aos Povos Indígenas 

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Ao mesmo tempo em que na distante Glasgow o governo brasileiro adere a um acordo sobre proteção de florestas que reconhece a importância dos indígenas, por aqui a proteção da Amazônia e de seus Povos Originários são, de novo, ameaçados. Paulo Domingues, secretário do ministério de minas e energia, avisou que o governo quer destravar as hidrelétricas do Tapajós e, desta vez, com reservatórios. Surfando na onda da crise hídrica, o ministério quer passar por cima do IBAMA, que negou a licença ambiental em 2016 porque o projeto impacta as terras dos Mundurukus. Se as hidrelétricas do Sul/Sudeste deslocaram milhares de famílias e inundaram milhares de km2, o impacto de cada kW na imensa planície da Amazônia é muito maior. N’O Globo, Roberto Kishinami, do iCS, lembrou que “há também dificuldade do lado de financiamento, na medida em que os recursos públicos vão ficando escassos e que não há empreendimentos hidrelétricos atrativos financeiramente”.  Mesmo porque eólicas e fotovoltaicas são competitivas e com impacto socioambiental muito menor, que existe e precisa ser abordado.

Na comemoração dos 1.000 dias de Bolsonaro, o governo baixou uma ordem passando por cima do povo Waimiri-Atroari ao emitir a licença de instalação (LI) do linhão entre Manaus e Boa Vista e, ainda por cima, autorizou um novo aditivo ao contrato de concessão, aumentando a remuneração da Transnorte. Pedro Bara, no Valor, escreve que “no rastro dessa operação, ficou no ar o desfecho da negociação entre os investidores e os Waimiri-Atroari quanto a uma compensação ambiental pelo uso das suas terras.” Bara conta que houve um leilão para fornecimento de eletricidade para o estado no ano passado, o que tira o caráter emergencial do linhão. Como é de se esperar, o setor elétrico, na voz do pessoal do Acende Brasil, segue reclamando e cantando a música preferida aos ouvidos deste governo ao perguntar sobre interesses e atores que só querem paralisar obras.

Em seu artigo, Bara diz que o governo quis alavancar a publicidade em torno dos 1.000 dias, ao colocar em leilão os blocos de petróleo que ameaçam Fernando de Noronha e o Atol das Rocas. Nesta ocasião, colheu frustração por ninguém se arriscar a fazer lances.

 

ClimaInfo, 3 de novembro de 2021.

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