Sob pressão, governo brasileiro adere a pactos contra desmatamento e emissões de metano na COP26

3 de novembro de 2021

O governo brasileiro cedeu às pressões internacionais e aderiu a duas declarações na COP26 com compromissos para redução das emissões de metano em 30% nesta década, além do fim do desmatamento até 2030. Os negociadores do país vinham refutando essa possibilidade, desconfiados de eventuais efeitos dessas promessas na base política e econômica do governo Bolsonaro entre setores do agronegócio. No entanto, as cobranças de governos e investidores no exterior superaram as reticências da delegação brasileira em Glasgow.

A primeira declaração, que prevê a redução das emissões de metano, vem sendo articulada há pouco mais de um mês por Estados Unidos e União Europeia. O documento foi referendado por mais de 100 países na COP, mas três dos principais emissores de metano do mundo ficaram de fora – China, Rússia e Índia. No entanto, a declaração é protocolar: os países se comprometeram com a meta de redução de 30% das emissões de metano nesta década, mas o texto não trouxe qualquer planejamento ou objetivos nacionais para viabilizá-la. Estadão, Folha, g1, O Globo e Valor deram mais detalhes.

Já a segunda declaração, que propõe o fim do desmatamento até 2030, será apoiada pela criação de um fundo de US$ 12 bilhões de verbas públicas, além de outros US$ 7 bi em investimento privado, para conter a devastação em florestas mundo afora. Os recursos serão destinados para ações de proteção ambiental nos países em desenvolvimento, como a restauração de terras degradadas, a prevenção e o combate a incêndios florestais e a defesa dos direitos dos Povos Indígenas. BBC Brasil, Estadão, Folha e Valor repercutiram.

Em tempo: A mão que bate é a mesma que acolhe. Na BBC Brasil, Matheus Magenta destacou a reação do governo dos EUA à ausência de Bolsonaro na COP26 e aos “novos” planos climáticos do país. Para a Casa Branca, mais importante do que o cano presidencial em Glasgow serão as metas e ações anunciadas pelos representantes brasileiros. Já n’O Globo, Guga Chacra citou o elogio do enviado especial dos EUA para o clima, John Kerry, à revisão das metas climáticas brasileiras, anunciada na COP.  Para ele, a visão de Kerry e do chefe dele, Joe Biden, sobre o governo Bolsonaro é pragmática: qualquer avanço na questão ambiental no Brasil, por menor que seja, deve ser valorizado. Resta saber até onde vai a boa vontade dos EUA com Bolsonaro.

 

ClimaInfo, 3 de novembro de 2021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar