Brasil na COP26: entre a redenção ambiental e a condenação internacional

Brasil COP26

As promessas anunciadas pelo Brasil na COP26 fazem parte de um esforço político para resgatar a imagem e o prestígio do país no exterior, corroídos pelo desastre ambiental promovido pelo governo Bolsonaro. Por mais elaborado que seja o greenwashing em Glasgow, só uma coisa poderá efetivamente recuperar o Brasil aos olhos do mundo: o combate ao desmatamento e a proteção ambiental da Amazônia.

“Voltar ao desmatamento zero na Amazônia é uma das maiores contribuições que o Brasil pode oferecer ao mundo, além de garantir resiliência para se manter como produtor global de alimentos”, destacou Luís Fernando Guedes Pinto, da Fundação SOS Mata Atlântica, em artigo no Guardian. “Alguns lugares do mundo estão em uma posição única para combater as mudanças climáticas, proteger a natureza e, ao mesmo tempo, promover o crescimento econômico. O Brasil não deve e não pode perder esta oportunidade”.

No entanto, a situação atual do Brasil está distante dessa potência verde que (ainda) se enxerga. Na Folha, o economista Sérgio Margulis comentou o desprestígio internacional do Brasil de Bolsonaro nas discussões climáticas. “A política deliberada do governo Bolsonaro foi a de virar o bobo da corte. Está cumprindo muito bem o papel”, criticou Margulis, que atuou por mais de duas décadas no Banco Mundial. “É um governo que exibe orgulho por desprezar a questão climática, e a comunidade global acha isso uma palhaçada, vê o governo brasileiro como patético, uma tragédia na questão climática”.

Em tempo: Outro sinal negativo para o Brasil na questão climática foi apontado nesta 3ª feira (9/11) pela Germanwatch, que apresentou a atualização de seu índice de desempenho em alterações climáticas (CCPI, sigla em inglês) na COP26. O índice mede as ações e os resultados das políticas governamentais para mitigação e adaptação climática. O Brasil ficou em 33º lugar na lista de 62 países, uma queda de oito posições na comparação com o ano passado. Um dos pontos ressaltados pelo relatório é a falta de planejamento e de ações claras para implementar os objetivos climáticos do Brasil, o que compromete sua viabilidade no longo prazo. O documento citou também o enfraquecimento de agências e instituições ambientais do governo federal, com perdas orçamentárias e de pessoal nos últimos anos. A notícia é do Valor.

 

ClimaInfo, 10 de novembro de 2021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.