Governo Bolsonaro gasta mais subsidiando fósseis do que com educação

Basil subsídios fósseis

Seria irônico se não fosse duplamente trágico. Dias após aderir a acordos para acabar com o desmatamento e reduzir as emissões de metano, um estudo do Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC) mostrou que o governo abriu mão de arrecadar R$124 bilhões do setor de fósseis no ano passado. Um ano em que o orçamento da educação foi de R$113 bilhões. A BBC conversou com Alessandra Cardoso, responsável pelo estudo: “O Brasil trata pouco desse assunto. O tema das mudanças climáticas está muito restrito à discussão sobre florestas, mas, dentro desse desafio, que é gigantesco, também é preciso olhar para essas outras fontes de emissão.”

Parar de queimar combustíveis fósseis é imprescindível para limitar o aquecimento global em qualquer limite de temperatura. E aqui, como no resto do mundo, não há mágica: eles precisam ficar bem mais caros do que as alternativas. Esses bilhões em dinheiro público para fósseis mostram o vazio das juras climáticas que o governo vem promovendo em Glasgow.

Bolsonaro nem esperou a COP terminar para criar um grupo de trabalho “com o objetivo de propor estratégias para otimizar o processo de licenciamento ambiental relacionado à exploração e à produção de petróleo e gás natural”, ou seja, no fundo, para afrouxar o processo de licenciamento ambiental dos blocos de petróleo na costa brasileira. A resolução dirigida ao MMA pode ser vista aqui e, sua irmã, ao MME, aqui. Em comum, a participação da sociedade civil se resume aos “desinteressados” Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e Associação das Empresas de Sísmica (IAGC).

Ontem, o ministro Bento anunciou que, além da imortal Angra 3, o próximo Plano Decenal de Energia (PDE) conterá mais uma usina nuclear no Sudeste. O Valor deu a notícia. Causou estranheza porque os PDEs não incluem usinas cuja entrada em operação fiquem fora do horizonte temporal do plano. Entre projeto, licenciamento e construção, usinas nucleares demoram mais de dez anos para começarem a operar, assim, não caberia no PDE do ano que vem.

O legado desse governo fica cada vez mais insuportável a cada dia.

 

ClimaInfo, 9 de novembro de 2021.

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