Ministro cobra financiamento climático para zerar desmatamento no Brasil

9 de novembro de 2021

Os negociadores brasileiros na COP26 reforçaram a pressão nos bastidores para que o país seja beneficiado com recursos financeiros para apoiar o combate ao desmatamento e ações de mitigação da mudança do clima.

A movimentação acontece depois de o Brasil ser forçado por parceiros internacionais a aderir a três declarações em Glasgow – sobre a redução das emissões de metano, desmatamento zero até 2030 e apoio à meta de 1,5°C de aquecimento máximo do planeta. O raciocínio é simples: para que o Brasil assuma mais compromissos climáticos, os países desenvolvidos precisam ampliar a disponibilidade de recursos financeiros.

“O governo federal fez movimentos importantes em relação à sua NDC, a neutralidade de carbono, corte de metano, em florestas. Agora o momento é dos grandes países – a União Europeia, os países ricos, o G7 – mostrarem também um movimento claro para trazer uma solução. E a solução é econômica, a emergência é financeira”, comentou Joaquim Pereira Leite, ministro do meio ambiente e chefe da delegação brasileira em Glasgow, em evento com representantes da indústria no pavilhão oficial do Brasil na COP. BBC Brasil, Estadão e Valor deram mais detalhes.

Em entrevista à BBC Brasil, o negociador-chefe do Brasil na COP26, embaixador Paulino de Carvalho Neto, reconheceu que o governo federal fez uma “reflexão cuidadosa” sobre sua política ambiental e resolveu “corrigir” seus rumos. “Chegamos à conclusão de que deveríamos nos engajar mais. Reconhecemos que temos que enfrentar o desafio do desmatamento ilegal”, disse o diplomata.

O tom foi parecido com o do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, quem participou de um painel no pavilhão brasileiro na COP nesta 3ª feira. “Reconhecer nossos erros é premissa de toda negociação. É importante sentarmos na mesa fixando uma premissa real: temos um problema grave de desmatamento ilegal das nossas florestas”, disse Pacheco, ao lado de Joaquim Leite. CNN Brasil e Folha repercutiram a passagem do chefe do Senado Federal em Glasgow.

No entanto, como observou Bernardo Esteves na piauí, ninguém do governo federal conseguiu esclarecer efetivamente os termos do compromisso do país com o desmatamento zero. O texto em si, assinado também por outros países na COP26, não discrimina desmatamento legal ou ilegal; já representantes do governo e congressistas fazem essa diferenciação na hora de descrever o compromisso do Brasil. Não coincidentemente, o governo também não apresentou nenhum plano ou cronograma até agora para tirar essa promessa do papel.

Por falar em desmatamento e confusão, o cientista Gilberto Câmara, ex-diretor do INPE, questionou no Twitter o motivo pelo qual o governo federal ainda não divulgou os dados do sistema PRODES sobre o desmatamento amazônico no último ano. Há algum tempo, quando o desmatamento estava caindo de maneira significativa, o Brasil costumava fazer esse anúncio durante a COP como uma oportunidade para jogar confete na própria cabeça. Agora, entretanto, a situação é diferente e embaraçosa: como prometer o paraíso verde futuro na Terra quanto o presente é marcado por destruição?

 

ClimaInfo, 10 de novembro de 2021.

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