Novas metas climáticas não garantem contenção do aquecimento em 2°C

COP26 metas 2°C

O mote da COP26, definido pelos anfitriões britânicos, é “manter a meta de 1,5°C viva”. Entretanto, de acordo com uma nova análise apresentada pela Climate Action Tracker nesta 3ª feira (9/11), os planos climáticos prometidos pelos países até agora estão levando o mundo para um aquecimento muito superior. Pelos compromissos atuais, o planeta se aqueceria em pelo menos 2,4°C neste século em relação aos níveis pré-industriais, quase duas vezes a meta mais ambiciosa definida pelo Acordo de Paris para limitar o aquecimento global até 2100.

“Está claro que há uma enorme lacuna de credibilidade, ação e compromisso que lança uma longa e sombria sombra de dúvida sobre as metas líquidas zero propostas por mais de 140 países, cobrindo 90% das emissões globais”, afirmou o CAT em sua análise dos compromissos climáticos atualizados pelos países até a primeira semana da COP26.

“Não houve impulso suficiente de líderes e governos para aumentar as metas climáticas para 2030 antes e em Glasgow: as melhorias das NDC apresentadas no ano passado reduziram a lacuna de emissões em 2030 em apenas 15-17%. As maiores contribuições absolutas para esse estreitamento vêm da China, UE e Estados Unidos, embora outros países com níveis de emissões mais baixos também tenham melhorado suas NDCs”. Associated Press, BBC, Financial Times, Guardian, Reuters e Valor repercutiram a análise da Climate Action Tracker.

A projeção de aquecimento feita pela CAT é parecida com a apresentada ontem pelo PNUMA, que revisou seu mais recente Relatório sobre as Lacunas das Emissões para incluir os compromissos anunciados pelos países na COP. De acordo com o PNUMA, a implementação plena das promessas climáticas dos governos para 2030 garantiria um aquecimento de 2,5°C até o final deste século, salvo se os países efetivamente avançarem com seus compromissos de descarbonização a partir de 2050. No cenário mais otimista, com o net-zero plenamente atingido, o aumento de temperatura seria de 1,8°C, abaixo dos 2°C máximos definidos pelo Acordo de Paris, mas acima dos importantíssimos 1,5°C. O Washington Post deu mais detalhes.

 

ClimaInfo, 10 de novembro de 2021.

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