“Uma montanha a subir”: presidente da COP26 reconhece desafios no caminho das negociações em Glasgow

COP26 uma montanha a subir

A COP26 entra em sua reta final nesta 4a feira (10/11) com os negociadores tentando superar divergências novas e antigas entre os países. No Valor, Daniela Chiaretti fez um resumo interessante sobre os pontos em aberto na agenda de Glasgow. Não há consenso sobre questões como financiamento climático, mais ambição nos compromissos nacionais de mitigação, e perdas e danos. Já a BBC fez um apanhado dos resultados preliminares: em suma, eles se resumem aos anúncios feitos pelos líderes internacionais na semana passada.

“Estamos progredindo, mas ainda temos uma montanha para escalar nos próximos dias”, reconheceu Alok Sharma, presidente da COP26. “O que foi comprometido coletivamente [pelos países] vai até certo ponto, mas certamente não até o fim, para manter a meta de 1,5°C ao nosso alcance”. Associated Press e Reuters repercutiram a fala.

A questão do financiamento é talvez o nó mais cego nas conversas em Glasgow. Os países em desenvolvimento exigem que as nações ricas aumentem o volume de recursos e apresentem um cronograma para viabilizar metas financeiras mais ambiciosas ao longo desta década. Mas nem mesmo os EUA e a Europa, que vêm encabeçando os esforços para ampliar o financiamento climático pelos países desenvolvidos, estão dispostos a se amarrarem com compromissos extras desde agora.

O Climate Home destacou o montante que os governos dos países em desenvolvimento calculam para atender às necessidades climáticas após 2025: US$ 1,3 trilhão por ano, muito acima da meta atual de US$ 100 bilhões anuais (que, aliás, está sendo descumprida pelos países industrializados). Jamil Chade também abordou a questão no UOL.

Já a Bloomberg antecipou parte do texto de decisão a ser proposto pela Presidência da COP26. O texto do governo britânico reforça o pedido para que os países apresentem planos climáticos mais ambiciosos sob o Acordo de Paris, mas oferece um “jeitinho” para as nações em desenvolvimento. Ele pede às Partes que antecipem a apresentação de suas NDCs, previstas inicialmente para 2025, de maneira a oferecer mais clareza sobre as possibilidades de descarbonização global nesta década. Por outro lado, essa exigência não se aplicaria aos países em desenvolvimento, incluindo nações hoje entre as principais emissoras de gases de efeito estufa do mundo, como China e Índia.

 

ClimaInfo, 10 de novembro de 2021.

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