Desigualdade, o duplo desafio da crise climática

COP26 crise climática

A transição para um mundo de menos emissões implica em reduzir ao mínimo a queima de combustíveis fósseis, e de preferência zerá-lo. Os economistas preconizam precificar a emissões para que o preço desses combustíveis deixem de ser competitivos. O problema é que feito sem cuidado, isso penaliza os mais pobres, inclusive aqueles que moram nos países mais ricos. Esse tipo de impacto afeta menos aqueles que têm as condições de mudar de hábito ou comportamento. Um exemplo aqui são as notícias de famílias que voltaram a usar um fogão a lenha por conta da alta do preço do botijão. Mas uma parte importante da população mais pobre nas grandes cidades mora longe da lenha e não tem acesso a outro combustível. Em junho, o FMI publicou um trabalho importante sobre o problema e o que fazer. É simples dizer que é preciso devolver à sociedade a arrecadação de um imposto sobre emissões ou de uma taxa sobre os mercados de carbono. O difícil é encontrar os melhores canais e monitorar a sociedade para maximizar estes retornos. O tema voltou à baila com as negociações da COP26 e é comentado pela Bloomberg.

O segundo desafio do título desta nota é que políticos, que até ontem eram negacionistas, estão se aproveitando da ameaça de aumento de desigualdade. Segundo o Guardian, no Reino Unido, há uma narrativa emergente no campo de “inativistas” de que as políticas climáticas e ambientais são criação das elites para acirrar a desigualdade no país. É quase continuação do movimento que levou ao Brexit, embalado pela narrativa de que as elites só defendiam a União Europeia para manter seu poder e controle. Agora, a bola da vez é a transição energética e outras políticas climáticas.

 

ClimaInfo, 12 de novembro de 2021.

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