Um dos problemas centrais na agenda de negociação de Glasgow é o financiamento climático – ou, a bem da verdade, a falta dele. Os países em desenvolvimento seguem frustrados com o avanço tímido de seus colegas desenvolvidos rumo aos US$ 100 bilhões prometidos há mais de uma década para serem aplicados anualmente a partir de 2020. O prazo já passou, a meta não foi cumprida e os países ricos seguem sem oferecer um cronograma claro para atender à demanda.
Os governos emergentes, com a Índia à frente, estão sinalizando uma disposição de bater de frente com os países ricos no final da COP. O argumento é claro: sem dinheiro, não há como as nações em desenvolvimento oferecerem metas climáticas mais ambiciosas. Fontes indianas confirmaram para a Bloomberg que o primeiro-ministro Narendra Modi não pretende rever a NDC do país enquanto não houver um compromisso adicional dos países ricos para ampliar o financiamento climático ao longo desta década – de preferência, para um valor na casa dos US$ 1 trilhão por ano. O Valor também deu a notícia.
Os países africanos também demonstraram desconforto com os pedidos das nações ricas para parar de produzir e consumir combustíveis fósseis, especialmente carvão. Como o NY Times destacou, os representantes do continente em Glasgow argumentam que a descarbonização (especialmente se não houver oferta adicional de dinheiro) será mais difícil e poderá comprometer as condições de vida de populações em trajetória de crescimento demográfico nas próximas décadas.
Com países ricos e pobres reticentes a novos compromissos contra a crise climática, o cenário para a contenção do aquecimento global segue difícil. Na Folha, a ex-negociadora dos EUA para o clima, Jennifer Haverkamp, defendeu que os países coloquem mais ambição, em linha com a urgência crescente do problema do clima, além de considerar metas e ações nos planos subnacionais e não-governamentais para complementar e facilitar os objetivos nacionais e internacionais.
ClimaInfo, 11 de novembro de 2021.
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