O Brasil abriu a COP26 prometendo uma revisão de sua meta de redução de emissões para 2030, dentro do esforço do país para criar “notícias positivas” e superar a insatisfação internacional com o governo Bolsonaro. No entanto, uma semana depois da promessa, os representantes do Brasil em Glasgow ainda não formalizaram o compromisso de reduzir as emissões do país em 50% até o final desta década. De acordo com a Folha, o documento submetido pelo Brasil na semana passada à UNFCCC apenas menciona o objetivo de neutralidade climática até 2050, outra promessa apresentada pelo país no começo da Conferência. Questionado pela reportagem, o Itamaraty não respondeu sobre a questão nem sinalizou quando essa formalização acontecerá.
Falando em Itamaraty, Janaína Figueiredo escreveu n’O Globo sobre a atuação dos diplomatas brasileiros em Glasgow para “contenção de danos”. A mudança de postura, deixando a confrontação vazia em troca de uma maior disposição para o diálogo, aliviou parte da pressão política sobre os representantes brasileiros na COP, mas não dissipou as desconfianças. Já Jamil Chade destacou no UOL a atuação do ministério para ter o controle da narrativa do Brasil na COP, isolando representantes ideológicos do governo Bolsonaro.
Na BBC Brasil, Nathalia Passarinho fez um panorama das posições do Brasil nesta reta final de COP, destacando como o país se coloca em discussões importantes (e complicadas) no tabuleiro político de Glasgow, como o financiamento climático, o mercado de carbono e a eliminação de subsídios para combustíveis fósseis.
Já Daniela Chiaretti informou no Valor sobre a proposta que o Brasil fez, em conjunto com Argentina e Uruguai, para criação de um comitê intergovernamental de monitoramento dos fluxos de financiamento climático dos países ricos. A ideia é que esse colegiado seja “inclusivo, transparente e multilateral”, com o objetivo de melhor acompanhar o volume de recursos aplicados para mitigação e adaptação climática nos países pobres e identificar eventuais problemas e possibilidades. O Globo também repercutiu essa notícia.
Em tempo: Um projeto de lei tramitando na Câmara permite usar recursos do Fundo Nacional de Meio Ambiente para construir plantas de energia limpa. O Fundo recebe recursos do Orçamento e de doações para a aplicação em Unidades de Conservação, educação ambiental e outros pontos onde o Estado é importante dado o baixo interesse do setor privado, às vezes até inexistente. A implantação de eólicas e fotovoltaicas mereceu ajuda do Estado há 20 anos, quando seus preços eram astronômicos. Hoje, não faz o menor sentido, pois vêm sendo competitivas nos últimos leilões. Assim, o PL é mais um em que o cofre público distribui recursos públicos para gerar lucros privados. Como o ruim sempre pode piorar, Carla Zambelli (PSL-SP) relatou o PL e tirou a cláusula que permitia que pesquisa e desenvolvimento de fontes limpas também tivessem acesso ao Fundo. Só não explicou o porquê. O ISA comentou o PL.
ClimaInfo, 11 de novembro de 2021.
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