Poucas coisas conseguem ser consensuais na COP26, especialmente nessa reta final, mas uma delas parece se destacar: a frustração com a organização da Conferência. Filas intermináveis, falta de espaço para trabalho, problemas na distribuição dos espaços no complexo do SEC em Glasgow… cada delegado terá ao menos uma história de perrengue para contar ao final da COP.
Para piorar, um relatório do próprio governo britânico mostrou que o impacto climático da realização da COP26 em Glasgow pode ser o dobro daquele gerado pelos espanhóis na realização da COP25 em 2019 em Madri. De acordo com o documento, a COP de Glasgow gerou a emissão de 102,5 mil toneladas de CO2 equivalente, mais do que o dobro das 51,1 mil toneladas emitidas na organização da COP espanhola há dois anos. Cerca de 60% desse total (61,5 mil toneladas) são decorrentes exclusivamente dos voos internacionais para transportar negociadores, observadores e imprensa para a Escócia, especialmente pelo uso mais intenso de aviões privativos por autoridades e altos representantes governamentais. O jornal The Scotsman destacou os principais pontos do relatório.
Outro ponto que incomoda os participantes da COP26 é a proeminência que vem sendo dada dentro do espaço da Conferência para os veículos de motor elétrico, com direito a carros de corrida esportivos à mostra nos corredores de Glasgow. Da mesma maneira, impressiona negativamente também a falta de alternativas de transporte sustentável para o espaço da COP – em particular, a falta de infraestrutura para bicicletas. O Climate Home abordou esse incômodo.
Do lado de fora da COP, a situação também é complicada. O Guardian mostrou a frustração de ativistas com a truculência da polícia de Glasgow, que vem intimidando manifestações pacíficas e espalhando “uma atmosfera de medo e repressão”. Já o NY Times apontou para a crise da coleta de lixo em Glasgow, parada há quase duas semanas por conta de uma greve dos profissionais do setor.
ClimaInfo, 12 de novembro de 2021.
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