Sem grandes produtores, países lançam coalizão para acelerar fim dos combustíveis fósseis

COP26 Costa Rica Dinamarca fósseis

Os governos de Costa Rica e Dinamarca formalizaram nesta 5ª feira (11/11) uma nova concertação internacional de países com o compromisso de abandonar a produção e o consumo de combustíveis fósseis nas próximas décadas, em um esforço para acelerar a descarbonização e facilitar a contenção do aquecimento global em 1,5oC acima dos níveis pré-industriais.

A Beyond Oil and Gas Alliance (BOGA), criada pelos dois países em setembro, contará agora com a participação de França, Irlanda, Suécia e País de Gales, além da ilha dinamarquesa da Groenlândia e da província canadense de Quebec. Na COP26, a BOGA também confirmou a entrada da Nova Zelândia e de Portugal como membros associados e da Itália como “aliada”.

De acordo com o anúncio, os membros da aliança se comprometem em parar de conceder novas licenças de perfuração e de renovar concessões antigas, de maneira a permitir a interrupção total da atividade da indústria de combustíveis fósseis nessas localidades ao longo das próximas décadas. No entanto, por ora, o grupo reúne poucos produtores de grande porte de petróleo e gás – de fato, à excessão da França e da Dinamarca, nenhum dos outros membros plenos são produtores de combustíveis fósseis.

Mas o anúncio gerou dor de cabeça para os anfitriões da COP26, Reino Unido e Escócia. O jornal Independent destacou a frustração de ativistas britânicos com o fato de o governo Boris Johnson ignorar a iniciativa, a despeito de todo o discurso recente de liderança do Reino Unido na questão climática. Da mesma maneira, o Daily Record repercutiu as críticas ao governo da primeira-ministra escocesa Nicola Sturgeon, que também ficou de fora da aliança. Cobrada em Glasgow, Sturgeon concordou que a Escócia deve fazer mais para atender às suas responsabilidades climáticas internacionais, mas explicou que o país estaria em uma “posição diferente” em comparação com o País de Gales na produção de petróleo e gás, o que justificaria o posicionamento contrário à proposta.

BBC, Bloomberg, Climate Home, POLITICO e Reuters repercutiram a articulação internacional antifóssil na COP26.

Em tempo: O debate sobre o fim dos combustíveis fósseis bate de frente com outra questão importante nas discussões acerca da crise climática global – a da justiça climática. Na Bloomberg, Paul Burkhardt descreveu as dificuldades que esta questão enfrenta na África, um dos continentes mais pobres e vulneráveis aos efeitos da mudança do clima, e que enxerga na produção de petróleo e gás uma oportunidade de geração de renda nas próximas décadas. Para os opositores do discurso #keepitintheground, ele não faz sentido no contexto africano sem que essa transição seja justa e equilibrada, levando em consideração as necessidades de desenvolvimento e as condições socioeconômicas e históricas do continente.

 

ClimaInfo, 12 de novembro de 2021.

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